CRESCIMENTO| POR NUNO AUGUSTO, PSICÓLOGO

CRESCIMENT0| POR NUNO AUGUSTO, PSICÓLOGO

Nuno Augusto, Psicólogo

O ano de 2020 foi atípico, anómalo, irregular. Esteve carregado de condicionantes, complicações, dificuldades, problemas. Teve à escala global algo que se julgava improvável e que não era considerado, uma pandemia. E com ela todas as problemáticas inerentes, quer a nível físico como psicológico. Continuamos a sentir os seus efeitos, contudo, gostaria aqui de abordar sumariamente outros conceitos que estão presentes em cada pessoa, que são passiveis de treino e desenvolvimento, e para os quais julgo ser bastante pertinente tomar mais consciência e colocar em prática.

Nesse sentido gostaria de começar por reciclar um excerto do primeiro artigo que aqui escrevi:

No decurso da vida, quase nenhum ser humano passa sem experienciar o trauma e muitas vezes este, mesmo quando extremamente doloroso, pode ser o ponto de partida para um processo de crescimento pessoal. O conceito de Crescimento Pós-Traumático (CPT) define-se pela mudança positiva que o indivíduo experiencia como resultado de um processo de adaptação face à vivência de uma experiência traumática. “Crescimento” remete para uma alteração do funcionamento do sujeito para um nível superior, e “traumático” sublinha que o crescimento surge após a vivência de um evento significativo.

Todos nós experienciamos traumas. A pandemia é um trauma coletivo. Contudo, quero destacar o crescimento, uma mudança de perspetiva, procurando e implementando respostas alternativas, mais benéficas e adaptativas. Por conseguinte, considero relevante referir outros dois conceitos, que cumulativamente poderão contribuir para o crescimento, a resiliência e a anti fragilidade.

A resiliência, enquanto processo psicológico pode remeter para a capacidade de recuperar perante a adversidade, promovendo, deste modo, o retorno ao estado anterior ao evento desequilibrador. Esta capacidade é importante, pois permite enfrentar o embate com a situação traumática, com a convicção de que se possui as competências adequadas para regressar de lá, de renascer das cinzas. No entanto, aqui situamo-nos apenas no patamar da manutenção da estabilidade psicossocial. Para passar ao nível seguinte, surge a anti fragilidade, que vai para além da resiliência, onde as adversidades são superadas pela sua aceitação, entendendo o que sucedeu, e procurando aprender com isso.

Desta forma, a resiliência prepara para o choque inicial, e a anti fragilidade faz avançar. Em conjunto possibilitam o crescimento.

E todos temos a capacidade de ser resiliente, anti frágil e de crescer.

Bom crescimento!

Bibliografia:                                                                          

Pereira, M. (2015). Intervenção Psicológica em Crise e Catástrofe. Lisboa: Ordem dos Psicólogos Portugueses.

Sordi, A., Manfro, G., & Hauck, S. (2011). O Conceito de Resiliência: Diferentes Olhares. Revista Brasileira de Psicoterapia, 13, 115-132.

Taleb, N. N. (2020). Anti-frágil – Coisas que se beneficiam com o caos. Rio de Jameiro. Best Business

Contacto:

Nuno Augusto – Psicologia e Hipnoterapia

Crédito Fotográfico:

Alexandre Conceição