GAPPEI|A SIMBIOSE PERFEITA ENTRE FUSÃO E A TRADIÇÃO!

O Clube do Bacalhau resolveu inovar, uma vez mais mostrar que seja em jantares ou em bebidas há muito mais além do sentir, sem mistérios e sem nos deixarmos surpreender. Devemos usar todos os sentidos para aproveitar ao máximo cada experiência, vivenciar tudo o que podemos sem nos acomodarmos apenas com a visão.

Com este espírito, foram à busca de formas mais sensoriais, e da diversidade gastronómica. Após uma aposta declarada nos ingredientes japoneses, convidaram-nos, para experimentar o GAPPEI (que significa fusão), o menu de degustação “Bacalhau com Todos” – um ciclo de eventos gastronómicos de fusão.

Deste o dia 24 e prolongando-se até ao dia 27 de outubro, o “Bacalhau com Todos” aconteceu no emblemático restaurante Clube do Bacalhau, com uma degustação de 4 pratos exóticos, acompanhados por 4 bebidas selecionadas especificamente.

Esta é a segunda visita a este espaço. O Review que escrevi anteriormente, dá conta de como me deixei “algemar” por este restaurante especializado em bacalhau.

Ao dia marcado, toquei à campainha e passados uns instantes, Breda de Castro abriu a porta. Convidou-me a entrar e acompanhou-me à sala de jantar, inserida num edifício histórico, de arcadas em pedra e paredes que por vezes se enchem de quadros. Neste espaço, com contrastes de luz entre claro e escuro, sente-se uma atmosfera eclética que respira glórias de outros tempos de descobertas e alia esses legados e tradições a uma contemporaneidade interessante. Todavia, na rota dos descobrimentos, também se buscam os melhores sabores de outras culturas gastronómicas. No fundo, uma aventura onde se fundem paladares e aromas.

É nesta sala, de iluminação subtil que nos convidam a vivermos 4 inesquecíveis e deliciosos momentos gastronómicos e um 5.º momento de bónus: a sobremesa!

A equipa residente – Rui Moreno, Marina Marini de Magalhães e Luís D Noronha – recebeu o Chef Carlos Alberto Guerra, que na bagagem trouxe criações únicas, onde o bacalhau ganhou status de protagonista, aliando ingredientes japoneses.

 Um menu de degustação com sabores da portugalidade em boa sintonia com a cozinha nipónica.

O evento iniciou com um “Porto Tónico”, de boas vindas. Um cocktail preparado com vinho de porto branco e água tónica, é refrescante, agrada e preparou-nos por uma bela sentada/repasto.

Seguiu-se o menu de degustação. Uma experiência gastronómica acompanhada de gesto solidário (€ 5,00, do valor do menu revertiam para a Noor’Fatima Voluntariado – Projetonur Associação – Projeto Bacalhau Solidário). Foi provavelmente um dos mais bem construídos nos últimos tempos.

Os pratos de inspiração portuguesa, mas reinventados à maneira japonesa, foram apresentados sequencialmente por momentos e a um compasso encadeado, irrepreensível!

Paulatinamente, o menu foi explicado ao pormenor, prato a prato, pela equipa. As dúvidas, curiosidades e demais questões foram esclarecidas afavelmente. Atendimento, da Lua de Castro, Brenda Lopes e Susana Morais foi cordial, atencioso e bem-disposto.

Logo após nos sentarmos, serviram-nos o 1.º Momento. Um simpático Korokke, um prato que não traz consigo apenas aromas, texturas e sabores. Traz curiosidades. A começar pelo nome. Curiosos, perguntamos o que significava o nome deste prato. A resposta não tardou: “Quando os portugueses foram para o Japão levaram com eles os Croquetes. Como os japoneses não sabiam pronunciar corretamente, diziam, “Korokke”.

Satisfeita a curiosidade destes curiosos gastronómicos e amantes de uma boa mesa, passemos à degustação. O sabor é delicioso, uma mescla de bacalhau, cebola, batata, ovo cozido e aquele sabor peculiar do molho agridoce. A fusão de ingredientes é a combinação exótica perfeita!

Destaca-se por infundir o estilo japonês no tradicional português, com um toque contemporâneo. Foi uma grande surpresa sensorial.

Todavia, é preciso ter calma, que ainda estávamos no período de aquecimento e havia alguns pratos para desmontar com voluptuosidade.

A Cerveja Bohemia original – Sagres, foi um ótimo acompanhante.

Depois segue-se o 2.º Momento.

Uma “Tempura de Bacalhau”, apresenta uma combinação de filetes de bacalhau seco, numa cama de couve branca chinesa, com molho de sésamo, adocicado, que contrabalança com o salgado do bacalhau. Um toque apimentado com o molho sweet chilli, lima, sementes e óleo de sésamo, vinagre de arroz, criando um prato incrível cheio de sabores ousados. O prato é bem equilibrado com paladares, cítricos, frescos e o tempero usado na medida certa. Onde se realçam os sabores e as conjugações. É semelhante aos peixinhos da horta, boa fritura dos “peixinhos”, a sentir-se o bacalhau, mas em versão tempura japonesa.

“Gostas mesmo de comer – disse ao Miguel André Silva, o fotografo do Blog, enquanto os seus talheres ainda dançavam no meio dos peixinhos da horta”. Creio que teria respondido que sim. Porém estava com a boca cheia e a desmontar a tempura japonesa paulatinamente, sem pressas. Gosto disso!

O Casal D´Além Reserva – Por Carlos Canário, foi o acompanhante certo!

De seguida chega-nos o 3.º Momento.

Fiquei completamente conquistado por este terceiro prato, um Nambanzuke – Escabeche Japonês.

É um orgasmo gastronómico esta mistura de lascas de bacalhau frito, molho Dashi – caldo básico da culinária japonesa (é o molho base da cozinha japonesa: é feito com lascas de peixe bonito seco), saqué, um pouco de soja, e SU – vinagre japonês, que lhe dá um toque avinagrado.

Um prato com molho de escabeche e inclusão de legumes, onde vários sabores assertivos (doce, salgado, amargo e azedo) se harmonizaram sem que os deixássemos de sentir individualmente. A graça é misturar simultaneamente texturas, sabores delicados e intensos num único prato.

Esta combinação é deleitosa, chega a ser sensual, capaz de seduzir o mais fresco dos paladares. A riqueza de sabor, enquanto comia entusiasticamente, permitiu-me sussurrar lentamente: excelente… hum, que delícia!

O Pousio Selection Rosé, da Casa Agrícola Herdade do Monte da Ribeira, foi um magnífico acompanhante.

O 4.º Momento: Bacalhau Negro.

A degustação seguia para o final com uma Tempura de Courgette, com bacalhau fresco, molho de soja e uma flor comestível.

O bacalhau, que não é cozinhado, é colocado durante 6 horas numa marinada de soja, gengibre, mel e malagueta.

É um prato forte em termos sensoriais, de sabor intenso (mais intenso que os outros), por isso foi servido no fim da degustação.

Sentem-se as diferentes intensidades: o toque de gengibre, que conferia frescura, e o molho de soja que acrescentou ao bacalhau fresco a acidez necessária, que contrasta com o adocicado de ingredientes como a courgete ou mel. No final, a malagueta que lhe dá o twist que faltava.

Enquanto libertava o seu aroma lúbrico levei o garfo à boca devagar, degustando, saboreando a mescla com a qual se marinou o bacalhau e se criou o prato que uniu todos os elementos. A Tempura de Courgette ajudou a equilibrar o sabor intenso do Bacalhau Negro, uma ótima coerência de texturas e rigor técnico dos chefes, num prato atraente, tanto aos olhos como ao palato.

A Quinta das Hidrangeas Tinto Reserva, por Wine Concept, foi uma boa escolha.

Antes da gulosa e sempre esperada sobremesa, foi servido um Vinho da Madeira por Justino´s Madeira Wines.

Por fim a sobremesa, o doce momento da alegria, numa refeição, até aqui, exoticamente deliciosa. Foi servido “Nambangashi”: uma base de graviola, a bolacha de gengibre desfeita e a fruta exótica Fisalis, “que não passou despercebida”, conjugam lindamente, entre si, e com o gelado de chá verde. É provocante e sensacional ao paladar. Esta delícia tem uma aparência cremosa, é fresca, viciante e apreciei muito o prolongamento do sabor exótico do gelado de chá verde e da Fisalis.

A sobremesa chegou à mesa bem-apresentada e deliciosa. Uma combinação leve, aprazível, exótica e original que ficou entre as minhas preferidas de uma degustação notável. Foi fantástico para o meu palato.

Há menus que só nos sabem bem no momento da degustação. Nos dias seguintes já fazem parte do passado, todavia, há outros que subsistem no tempo. O Gappei, na verdade, é um menu de sabores e de combinações, que, por analogia é como um grupo de gospel, em que se consegue ouvir todas as vozes em sincronia.

Uma atenção especial ao seu poder de saciar o apetite e provocar deleite a quem se atreveu a experimentar e desmontar todos os pratos sem pressas, aos adeptos, tal como nós, do slow food: o prazer de desmontar os pratos sem pressa e com qualidade. Nós adorámos!

Crédito Fotográfico: Miguel Silva.

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Informações

Contactos: Travessa do Cotovelo 12, 1200-132, Lisboa. Metro: Baixa Chiado (Azul) / Metro: Cais do Sodré (Verde) +351213420737.

Sinta-se à vontade para visitar o Clube do Bacalhau, sem pressas.

Horário: Terça a Sábado das 12:00 às 00:00

Serviços: Cartão Mastercard, Cartão Visa, Multibanco.

Aberto até tarde, permite eventos privados.