25 DE ABRIL | O PRESENTE, PASSADO…

“25 de Abril de 2020 – Separados pelo vírus, mas  unidos pela Arte”

Faz hoje 46 anos que Portugal acordou em Liberdade colocando um ponto final a meio século de opressão e de repressão.  

Depois de 1974 a sociedade portuguesa sofreu alterações profundas, ficando historicamente marcada, pelo fim da ditadura, da censura, das prisões políticas e da guerra colonial e devolvendo aos portugueses a democracia, a liberdade e a esperança de maior justiça económica e social.

Vivido com sentimento de liberdade nunca antes sentido, numa explosão de alegria coletiva que abriu alas para um movimento de conquistas e de construção de um Portugal novo.

Conquistou-se a liberdade de expressão e de imprensa e as eleições livres. E com a conquista da cidadania a construção de um Estado e de um Poder Local de Direito Democrático enquadrado pela Constituição da República, com manifestas preocupações sociais. O direito à saúde, ao ensino, às férias e alguma autonomia das mulheres foram conquistas do 25 de Abril.

A Revolução dos Cravos ficou associada a símbolos e a designações não bélicas, como a canção “Grândola Vila Morena” de Zeca Afonso, e a uma flor, o Cravo.

Liderada por um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas, composto na sua maior parte por capitães, exibiram cravos nos canos das armas e utilizaram a canção popular como senha e símbolo da queda do antigo regime.

Ao fim de tantos anos, 48 anos, de censura, repressão, de opressão, fizeram a revolução, sem um só tiro ser disparado … E o país tinha de volta a sua liberdade de expressão e a democracia.

Uma revolução sensata que não se tornou violenta, marcando uma das mais belas páginas da história de Portugal, que todos os anos é vivenciada como uma emocionante e colorida festa popular: a Revolução dos Cravos, que hoje completa 46 anos.

Quando o mundo todo abana e os impactos do “coronavírus” afetam o dia-a-dia de um grande número de pessoas, o carácter pacífico da revolução dos cravos, inspirou-me e levou-me a pensar celebrar os 46 anos de 25 Abril com uma exposição virtual, coletiva intitulada “25 de Abril – O Presente, Passado… ” que o Blogue “A Boa Vida Persegue-me”, apresenta com a colaboração da arquitecta e curadora Olívia Costa da Verdeeprata Costa gallery.

Uma manifestação visual pela liberdade, pela paz, pela arte e pelos valores de Abril. Uma mostra de arte contemporânea: a Arte não censurada como lugar de liberdade no pós-25 de Abril.

Através destas obras de arte, dos artistas plásticos e da ilustração da arquitecta Olívia Costa, pretendemos lembrar os cidadãos e em particular os seguidores do Blogue, a importância das conquistas do 25 Abril, como a liberdade de expressão, um valor essencial à vivência em qualquer sociedade democrática. Pretende-se divulgar não só a arte em geral, como continuar a contribuir -mesmo que o país reduza os seus ritmos, depois desta pandemia- para que se vejam e se oiçam as vozes da cultura e se continue a pensar e a reclamar por mais apoios e melhores políticas culturais.

Numa altura em que o aumento da intolerância no mundo está a colocar em risco a liberdade de expressão, sendo a censura um dos seus sintomas, propõe-se uma reflexão sobre a expressão artística e os processos de criação desenvolvidos durante um período de censura e ausência de liberdade e outro desenvolvido com liberdade de expressão.

25 DE ABRIL O PRESENTE, PASSADO…

Para a Artista Plástica Ana Malta;

Os Cravos também Choram

Uma homenagem a Álvaro Cunhal|Os cravos também choram | Pastel s/folha de algodão.

Para o Artista Plástico Jorge Rebelo;

“Esperança…que o amanha não passe sem que a minha alma grite e as minhas lagrimas sequem!”

Esperança | Oleo s/tela

 Para a Artista Plástica Lena Poinha;

Pelas ruas da esperança procuro a liberdade perdida…

Lena Poinha | Convento do Carmo | Arco da Rua Augusta |Ambos Oleo s/tela

Para a Artista Plástica Cláudia Ferro;

“…revolução, gentileza, força e delicadeza…”

O cravo e a rosa | Oleo s/tela 

Para a Artista Plástica Maria Tereza;

“…me questiono?? O resta do 25 de abril!?”

25 de abril | ténica mista

Para a arquitecta/curadora/ilustradora Olívia da Costa;

Renascer vezes sem fim…por vezes sem rumo à vista…renascer … num limbo de vida suspensa …. Renascer vezes sem fim ….

O eterno renascer |Tinta da china, caneta de feltro s/papel

Para o Artista Plástico VIFER-arte;

O nascimento de países resultantes do 25 de Abril

Rebentos | AST

Para o Artista Plástico João Pedro Marques;

Romper pelo Mundo e Explorando Horizontes foi o voluntarismo do acto de 25 de Abril de 1974. A Revolução dos cravos e final da ditadura fascista.

 A vontade do povo contemplou à mudança, para uma melhor qualidade de vida e condição humana. Como fôssemos novamente fortes e vitoriosos, lembrando o Quinto império de D. Sebastião, numa Saudade Revisitada.

Portugal abriu portanto fronteiras para com o novo mundo. O capitalismo, o socialismo e a democracia multipartidária.

Contudo, esta abertura de fronteiras, revelou por sua vez a entrada de novas problemáticas, que destacaram os anos 80 e 90 no auge do consumo de drogas. ”Cavalo” era um dos nomes da gíria para a heroína, que destacou enormes quantidades de consumo na população portuguesa, crime de esticão, mortes e propagação de doenças como infecto contagiosas como SIDA e Hepatite. Portugal tornou-se conhecido pelo maior “hipermercado” de droga a céu aberto, em plena Lisboa, chamado Casal Ventoso. Destruído e urbanizado como habitação social na passagem para o novo século XXI. E felizmente, a lei da Descriminalização do consumo de droga foi instalada em 2001, ao criar centros de tratamento, comissões de dissuasão, políticas de redução de danos com substituição opiácea de cloridrato de metadona e comunidades terapêuticas. Portugal foi o primeiro país a instalar esta política e a apostar na vertente da Saúde Pública, depois do flagelo que sofreu. Ainda hoje, em 2020 restam vestígios da Miséria que acompanham o pós e o pré 25 de Abril de 1974. Libertámo-nos da ditadura como loucos, na promessa do céu e da terra, em que alguns sugaram os ossos até ao tutano, enquanto outros cidadãos foram iludidos, pela inexperiência, incompetência e ganância dos órgãos soberanos. Parte da crise e dívida pública de Portugal é derivada do pós 25 de Abril.

Temos portanto, A Presença dos símbolos históricos e da identidade de um país, onde a mitologia do Fado e da Saudade se misturam ao cristianismo e ao desenvolvimento de um pensamento e atitude crítica face ao estado actual. Hoje, que escrevo esta minha justificação da escolha das obras para esta exposição, vivemos actualmente em estado de emergência nacional devido à doença a que lhe foi dado o nome, COVID-19 provocada pela nova estirpe de um Coronavirus, tornando-se pandémico mundialmente.

Resta-nos neste momento desenvolver a resiliência. Entendermos e desenvolvemos formas de superar estas adversidades com impacto na saúde e economia dos portugueses.

Que surja então um Raio de Esperança.

Sombras|Cavalo |  Miséria |  Raio de Esperança | Técnica Mista para todos os trabalhos

Para a Artista Plástica MAR-Maria Amélia Ramos;

“S.N.S.- Um dos cravos que Abril um dia plantou. “

Quadro “Flor de Abril” |Peça “SNS-Conquista de Abril”

Para a Artista Plástica Ildebranda Martins;

Esta obra sobre o 25 de abril foi baseada na vida de um familiar próximo e ao contar a sua história procurei estabelecer um paralelismo entre a “Revolução dos Cravos”, o Estado de Emergência” em que nos encontramos e a força da união, dos ideais.

O isolamento involuntário, motivado pelo medo, não é invulgar na sua vida, embora, desde há muito tempo que não faz parte da sua vida. Começou a trabalhar muito cedo, antes da “revolução dos cravos” e julgo que possivelmente por causa do ritmo profissional a que estava obrigado nunca conheceu o isolamento e o confinamento voluntário, o sossego e a tranquilidade de um intervalo de iniciativa própria. Ainda muito jovem, estava em constante movimento para garantir a sua autonomia financeira e a construção da sua personalidade. Aos 15 anos esta situação alterou-se. Alimentado pelos ideais de Abril, pela liberdade de expressão e de escolha, tornou-se membro de um partido político, de inspiração Maoista, Foi uma época em que acreditava que estava integrado num coletivo que não alimentava egos individuais, mas num grupo de pessoas cujo objetivo principal era o de servir o povo em geral. Estamos a falar de uma época atribulada, saída de uma Ditadura de 40 anos de quarentena, mas muito rica em ideais partilhados, em sonhos sem horizonte, em crenças quase religiosas de que a sociedade tendia a tornar-se mais justa.

Acabou por se tornar preso político, no ano de 1975, Enclausurado, mas acompanhado pelos meus parceiros sentiu a força da união, ao não permitir que nenhum de deles quebrasse o espírito de sacrifício e os seus laços. Como a força repressora, não conseguia quebrar os elos que os unia isolaram-nos. Acabou transferido para uma prisão no Alentejo, considerada de “Alta Segurança”, onde ficou completamente isolado e num ato de revolta, iniciou a sua greve de fome. Após um isolamento forçado, psicologicamente violento, acabou por quebrar e finalmente dar o que pretendiam, a sua identificação. Foi um momento de grande angústia, não pelas privações a que esteve sujeito, mas por ter acreditado nesse momento de que não foi fiel aos princípios de que defendia. Este isolamento, mesmo depois de se ter desvinculado dessa vida de ativismo político e de idealismos utópicos, tornou-o uma pessoa mais forte, resistente a adversidades e a pressões exteriores.

Hoje em dia estamos em isolamento, no conforto dos nossos lares, em família, a temer pela nossa vida e dos nossos entes queridos, alguns com receio de não ter para onde regressar, mas decerto, crentes no princípio de que a união é fundamental para ultrapassar as adversidades, deste vez causadas por um inimigo comum, o COVID 19.

Haverá mudanças estruturais quando a neblina se dissipar e o vírus for considerado moribundo e a vida não voltará a ser a mesma. A lição também é a de que a força de vontade individual e o apoio de um coletivo é extremamente importante para fazer fase a todas as dificuldades.

Os pontos de interrogação que ficam ajudam-nos a procurar respostas.

O Paralelismo dos Isolamentos | técnica mista s/tela

Para a Artista Plástica Fernanda Pires;

“A este 25 de Abril roubaram-lhe a primavera”

47 anos de cravos | Óleo s/tela

 Para a Artista Plástica Dália Cordeiro;

E NUM CRAVO CONQUISTAMOS A LIBERDADE +

AS PALAVRAS DITAS E PENSADAS +

A FORÇA DO RESPEITO E DO AMOR.

Liberdade | técnica mista 

Para o Artista Plástico Rogério Magalhães;

É muito importante, que não deixemos murchar o Cravo que Abril floriu.

José Saramago lembrado como figura incontornável da literatura, homem de grandes convicções e defensor dos ideais de Abril.

 Para o Artista Plástico Cristiano Mangovo;

O 25 de Abril teve o impacto da paz na europa que acabou por influenciar até Angola, embora ter levado mais tempo para chegar a nós, mas a cessação do poder ditadura (Salazar) e colonial fez com que se consciencializasse sobre as condições péssimas que atravessou o homem negro angolano. O facto do exercício português decidir não cumprir o discurso dos políticos, salvou milhares de portugueses e a inquietação do ser humano em particular.

Espero que essa seleção que fiz possa responder ao assunto, já que a presença duma flor simboliza a paz, o amor e o valor dado ao outro.

Father Flower, 150×150 cm| Dedos Flores: 70×70 cm | Dar o Coração ao Mundo: 200×135 cm| Técnica usada para todas as obras acrílico sobre tela

Para o Artista Plástico Vítor Moinhos;

“Por entre a Vida pedra envolvida no betão

Vida feita de nada há sempre uma fresta por onde se esgueira esta vontade imensa de gritar Liberdade.

Obrigado Abril por renovares em mim a esperança de um dia abraçar a Vida plena de Amor.”

“Liberta-te” | “Segue-me” |”Confluência”

Para o Artista Plástico Luís Dias Ribeiro;

25 de Abril era do amor, revolta e esperança

“e o tempo nú parado em sua rota: hera do amor ou de revolta … ou esperança”| “Adormecido Outono Anunciando o desflorar da Primavera perto”|Técnica usada para as duas obras: acrílico s/tela

Para a artista Plástica Rosa Pereira Coelho;

Uma gaivota voava … voava … era a Liberdade ….

 Para o Artista Plástico Xicofran;

“ O 25 de abril proporcionou-me libertar em jazz… nascemos para ser livres em nós e com o mundo, abriremos as janelas do coração e gritemos bem alto…livres “

Libertar em Jazz 

|“Serenata do Jazz” Sonny Rollins e Severa” 60x40cm | “ Abertura para o Jazz” Fernando Pessoa em Jazz” 60x40cm | “ Jazz na Arena”  50x50cm |Chet Baker à mesa com Pessoa“ 50x50cm

Para o Artista Plástico David Reis Pinto;

Abril o mês da revolução, muitos diriam da própria libertação.

Controversa realidade a de 2020. Desde 1974 celebramos a liberdade, como se fosse algo que tivesse que ser celebrado, hoje passaremos a querer celebrar a segurança, até descobrirmos que algo de mais importante existe.

De facto existe, a gratidão e a compaixão.

É por isso que hoje devemos levantar os nossos cravos, não por Portugal mas sim pela humanidade. Que esta flor mostre ao mundo que existem formas bonitas e dignas de se combaterem guerras, mesmo que o inimigo seja invisível.

Seja hoje, o nosso cravo do 25 de Abril uma flor não de liberdade, mas sim de segurança, de criatividade e de compaixão.

Dos portugueses, um abraço para o mundo.

“Green Basquiat” – 200cm x 170cm” |”Frida Khalo” – 100 x 70cm|”Salvador Dali” – 200cm x 170cm

PREÇOS DAS OBRAS SOB CONSULTA

Contacto dos autores/artistas plásticos:

Ana Malta| Jorge Rebelo | Lena Poinha | Cláudia Ferro | Maria Tereza | Olívia Costa | VIFER-arte | João Pedro Marques | MAR-Maria Amélia Ramos | Ildebranda Martins | Fernanda Pires | Dália Cordeiro | Rogério Magalhães | Cristiano Mangovo| Vitor Moinhos | Luís Dias Ribeiro | Rosa Pereira Coelho|Xicofran|David Reis Pinto|