Por conselho ou manifesta vontade é sempre tempo de visitar Setúbal. A cidade que soube aproveitar o desafio da modernidade para requalificar-se de modo harmonioso, com qualidade de vida, respeitando a história e as estórias. Sintam-se à vontade para ler ou reler a review Setúbal à Janela do Sado! Juntem os amigos e força nisso, aventurem-se! Para quem pretende descontrair e visitar uma cidade revitalizada e aprazível, Setúbal é um bom destino a poucos quilómetros de Lisboa. A beleza da cidade onde a cor do mar, entre o azul e o verde, contrasta com o colorido das artes, da vegetação, a herança histórica e a deliciosa gastronomia proporcionam um passeio fantástico de Troia à Arrábida, passando pelo centro e pelos bairros típicos. A cidade tem um encanto muito especial, uma graciosidade refletida nas águas do Sado, ideal companheira quando estamos bem e excelente conselheira quando somos assaltados por um mau humor atroz.

Quando se pensa em Setúbal é inevitável pensar no “cliché” que a cidade carrega, seja pelo clima ou pela abundante beleza natural.

Há de tudo um pouco: ofertas para imersão nas águas ou em passeios sem poluir a natureza, utilizando a bicicleta e os percursos pedestres pela serra ou pelo estuário do sado. Também pode optar por passear de carro pela arrábida (um passeio que alia o verde da serra ao azul do mar) ou por um passeio de barco pelo rio sado para ver os golfinhos (alguns destes passeios incluem a degustação de vinhos e queijos do distrito). Se preferir visite o centro histórico, começando pela Praça do Bocage onde poderá espreitar a estátua do poeta, ou o vasto património monumental – o Convento de Jesus, Forte S. Filipe, Museu do Trabalho, Moinho de Maré da Mourisca.

A visita a Setúbal vale também pela gastronomia que inclui mariscadas e petiscos.

“Os bons petiscos no Bairro Salgado da Península dos desejos!”

Na Cidade do rio azul, uma tasquinha moderna, funcional e aconchegante no coração do centro histórico, com localização privilegiada – perto do Parque do Bonfim, da estação de caminho-de-ferro e do terminal rodoviário – tem fama justificada pelos bons petiscos e pelo bom vinho da região. Cativa o visitante que deambula pelos bairros mais antigos, os residentes de “visitas prolongadas” e os de “permanência vitalícia”.

Foi a 7 de novembro de 2018 que Setúbal ouviu falar pela primeira vez da Oficina de Momentos. Daí para cá ganhou um lugar especial na cidade, graças a uma cozinha de qualidade, caseira, de base tradicional e um serviço de mesa e bar atencioso. É uma tasca moderna, com todas as comodidades que pretende destacar-se pelos deliciosos petiscos, acompanhados por vinhos da região e a melhor bebida on the rocks.

O projeto foi idealizado pelo casal José Manuel e Maria João Perdiz. Inspiraram-se nas tascas tradicionais, mas preservaram a alma industrial do espaço e deram-lhe uma decoração fabril, inspirada no mundo industrial da década de 40.

Para dar o toque industrial ao décor, fixaram na parede rodas dentadas a três dimensões, mantiveram os azulejos do chão que combinam perfeitamente com os móveis, as cadeiras e mesas com tampo em madeira e estrutura em metal. O balcão do bar é uma estrutura em madeira forrada a chapa ondulada e com tampo em pedra lioz de Sesimbra. Cheira a novo, mas sente-se o passado.

Aqui nenhum detalhe foi deixado ao acaso. A linha de talheres segue a mesma referência, completa harmoniosamente o conceito do restaurante e conferindo personalidade e ousadia ao serviço.

Fazendo homenagem ao passado de “oficina de móveis”, não faltam referências que carregam valor sustentável com a reutilização de alguns elementos reaproveitados. A mistura de elementos na decoração – madeira, vidro, metal e pedra lioz – gera um ambiente arrojado. A partir daqui criaram espontaneamente uma “oficina para gerar momentos aprazíveis”.

Com um lounge, uma sala de refeições e um pátio exterior a tardoz, é um spot funcional, moderno e acolhedor.

No simpático pátio podemos beber um café, uma bebida, saborear alguns petiscos ou fazer uma bela refeição, sobretudo em dias de sol. Proporciona uma refeição tranquila, com serviço ao “estilo lá de casa” o que o torna mais hospitaleiro.

Para a área da receção foi criado um pequeno lounge, aproveitando uns bidons de óleo com aplicação de autocolantes (com menção ao Jack Daniel´s) e tampo em madeira. Os bancos de ferro têm os apoios de pés a imitarem pedais de uma bicicleta. Na parede os extintores reciclados transformaram-se em verdadeiros objetos decorativos.

É um espaço agradável, jovem e descontraído. Uma decoração dinâmica requer um convívio dinâmico. Há que interagir e conviver. Uma casa de petiscos com um toque especial para a gulodice merece especial atenção destes gulosos “desmontadores gastronómicos” da Boa Vida.

Apesar de ser uma casa de petiscos amiga da família, é um spot para ir frequentemente e estar com os amigos a petiscar em amenas cavaqueiras. Um espaço aprazível e informal para convívios entre família e/ou amigos, em qualquer estação do ano.

CONVERSA BEM TEMPERADA

Iniciamos esta degustação à volta da mesa, em boa companhia, ouvimos histórias, estórias, os conselhos do anfitrião e imergimos numa energia, agregadora de momentos de bem-estar. Depois de uns dedos de conversa descobria-se, com muito agrado, que José Manuel Perdiz é um excelente comunicador e um ótimo ouvinte. Para além do seu especial prazer em reunir amigos e clientes à volta da mesa, as conversas fluem de forma tão natural e genuína que somos envolvidos desde o primeiro instante.

A sua cordialidade e profissionalismo não me foram indiferentes. É gentil e mostra clara empatia com o cliente… um atendimento com um toque pessoal!

Sempre gostou de receber pessoas, do convívio com amigos, e de uma boa “sentada”, convicto de que convívio é o suporte que permite que vidas se cruzem, que os corações se unam e que as amizades se fortaleçam. Este foi um dos principais motivos para José Manuel Perdiz escolher este ramo, depois de deixar a coordenação de supermercados.

Está-se tão bem na Oficina de Momentos

A EQUIPA

É simpático quando vamos a um spot e sentimos que estamos em casa, sobretudo pela deferência com que somos atendidos.

A equipa prima pela simpatia. A D. Zilda Almeida, a dona dos tachos e panelas, já foi vendedora de tijolos. Nessa época ajudava a construir aconchegos, hoje em conjunto com a Ana Vital e a Olívia Esperança ajuda a construir momentos felizes.

O Cláudio Nóbrega, responsável de sala, é o homem que está sempre em estado líquido: apresenta, serve bebidas, comidinhas e as melhores harmonizações.

O José Manuel Perdiz, para além de relações públicas, aconselha os melhores vinhos. Um copo do vinho certo a acompanhar a refeição pode fazer toda a diferença, para melhor.

Este quarteto de profissionais, em que cada um tem bem definida a sua tarefa, conjuntamente com a simpatia e competência do atendimento sob a “batuta” do Sr. maestro José Manuel Perdiz, fideliza o cliente que aqui é tratado como gente da casa e sente que não está ali apenas para ser servido o mais depressa possível e dar lugar a outro.

São responsáveis pela Península dos desejos saciados com uma mão cheia de petiscos à volta de um bom vinho.

Aliado ao conceito “Slow Food”, aqui são reinterpretados clássicos bem portugueses, como as iscas à portuguesa, o bacalhau ou o pica-pau, oferecendo a Setúbal uma variedade de petiscos para desfrutar do prazer de comer sem pressas. A carta permite ao cliente optar entre o Menu Executivo, o Menu de Degustação (3 opções diferentes) e/ou pelas Tapas e Petiscos.

HOJE O ALMOÇO É UMA PROVOCAÇÃO

Bem sabemos, não é novidade nenhuma, que há menus de executivo a bom preço todos os dias da semana, disponíveis só a hora de almoço e de segunda a sexta-feira. Algumas pessoas chamam-lhe pratos do dia, outros menus de almoço, outros ainda, menu de executivo.

Chamam-lhes executivos porque se destinam sobretudo aos cidadãos que trabalham na área do restaurante e que, durante a semana, querem uma refeição rápida a preço fixo e mais acessível.

Neste spot também há um menu executivo durante a semana, pelo que aconselho a espreitarem as redes sociais todas as terças-feiras à noite e descobrir o menu executivo da semana, que inclui o prato principal, uma bebida e um café. Preço completo: € 8,50.

Também pode optar pelo menu Degustação

O Menu Degustação é uma excelente forma de fazer desfilar algumas iguarias da casa e apreciar o que há de melhor na ementa.

O cliente tem a oportunidade de experimentar uma sequência de sabores variados, composto de entradas, 8 petiscos, uma sobremesa e bebidas, num desfile de provocações da cozinheira que podem melhorar o sabor da vida de cada cliente.

Para picar, a Oficina de Momentos dispõe ainda de tábuas de queijos, enchidos e tábua mista (variedade de queijos, enchidos e doce), torradas & tostas, bifanas e pregos, omeletes, sopa e salada.

Horário

Com horário das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 23h00 de quarta-feira à quinta-feira e das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 24h00 de sexta-feira a domingo, aqui reinam as tapas e os petiscos, acompanhados por bons vinhos da região. Encerram às segundas e terças-feiras para descanso.

A DEGUSTAÇÃO

O menu-surpresa com que o José Manuel Perdiz nos presenteou proporcionou uma sentada sem pressas. Estava um dia quente a pedir frescura e o anfitrião e o barman não desiludiram.

Primeiro chegaram à mesa os aperitivos, em estado muito líquido, aguçando a curiosidade da clientela mais atenta. A culpa disto é de Cláudio Nóbrega, o barman que preparou e serviu o refrescante cocktail “Be Happy”, à base de Malibu, Sumo de Groselha, Sumo de Frutos Vermelhos e Sumo de Limão. O toque final ficou por conta dos Morangos e Amoras que lhe acentuavam sabor e aroma.

A par da lista de bebidas que aposta em vários vinhos da região de Setúbal, do Douro e Alentejo, há tapas e petiscos para desmontar.

Sentamo-nos à mesa para harmonizar os melhores vinhos com os apurados sabores da cozinha tradicional com contornos contemporâneos, que conjuga os ingredientes frescos da região com a técnica e algum tempero (mais recôndito) da cozinheira Zilda Almeida. O resultado é num “mostruário da gastronomia tradicional, com receitas antigas apuradas pela experiência dos tempos de que resultaram em petiscos singulares, tendo por base produtos regionais”. A experiência bem poderia ser intitulada “Menu de Degustação Tradição & Inovação”. Um desfile gastronómico composto por couvert, entradas, 6 petiscos, um mix de 3 sobremesas e bem regado por dois vinhos, um tinto e outro branco, que aguça qualquer paladar.

Para abrir as hostes para uma refeição perfeita e despertar o apetite começamos com o couvert, prosseguimos com os petiscos apetitosos e, para ajudar a fazer a digestão sem culpas e com satisfação, as sobremesas.

Nas estradas perfilaram-se a Manteiga de Ovelha e o Queijo de Cabra fundido da Queijaria da São do Pinhal Novo/Quinta do Anjo.

Não há pão da Lagoinha que resista! Nem da Lagoinha, nem da Gleba, nem outro qualquer. Hummmm…

Não resisti e sem abusar deste hábito tão nosso, tão português, acabei por desmontar pão barrado com queijo de cabra fundido. Uma delícia. O prazer nunca poderá ser um luxo mas sim uma descoberta: e esta guloseima salgada… é muito boa!

Enquanto isso, o fotógrafo do Blog, Miguel André, deliciava-se com a manteiga de ovelha artesanal e as azeitonas que segundo o próprio estavam divinamente temperadas com azeite virgem, alhos e coentros.

Antes de passarmos aos “petisquinhos”, foi ainda servido queijo de cabra com orégãos e queijo de mistura de vaca e ovelha.

Harmonizado com vinho Catarina – branco – 2018 – Bacalhoa. Feito a partir de duas castas portuguesas, Fernão Pires e Arinto, e uma casta francesa, Chardonnay, é um vinho fresco e aromático, para partilhar à mesa com queijos, pratos de peixe, ou pratos mais condimentados.

Na boca os queijos e petiscos são completados por notas de fruta fresca, com muito aroma e baixa acidez. Quem prova não esquece.

Começaram a desfilar os petiscos de um menu de degustação sensorial que me deixou visivelmente agradado.

As boas notícias prosseguiram com a chegada do ex-libris da casa os “Cogumelos Recheados” com queijo feta, salpicados com bacon e salsa. Coberto com diversos queijos (cheddar, mozarela, queijo da serra) vai ao forno para gratinar.

Gastronomia apurada, saborosa e bem confecionada, justificam os parabéns dados à dona dos tachos “Zilda Almeida”.

A ordem de serviço dos pratos não interessou. O importante foi o convívio e o sabor dos pitéus.

De seguida os “Ovos Rotos”. A proposta da cozinheira incluiu presunto, chourição laminado e ovos estrelados numa cama de batatas fritas. Combinação de sabores perfeita, o sabor bem tradicional da batata frita, ovo estrelado e presunto. É bom sentir os sabores de casa fora de portas.

Antes de se juntar aos restantes ingredientes o salpicão vai ao lume e retira-se alguma gordura. O contato com as batatas fritas dá-lhe uma corzinha avermelhada, como se tivesse pimentão. Sabores simples na mesa.

Bacalhau escondido

Seguiu-se o Bacalhau Escondido. O prato chegou à mesa bem-apresentado e saboroso, numa combinação de grão, grelos, bacalhau, broa de milho e ovo cozido picado. Sente-se a textura e o sabor de cada ingrediente, sem que um anule o do outro. É bem feito, com produtos de qualidade e os tempos de cozedura de cada ingrediente no ponto certo.

Tão simples, não é Miguel?

O principal desta sentada não é comer… é degustar e conversar.

Adorei a mistura de sabores. Por esta altura, já estava conquistado!

De seguida chegam à mesa Iscas à Portuguesa. Uma combinação de cebola, vinho branco, alhos, vinagre, louro, pimenta e banha.

Molho cremoso, com um toque de acidez avinagrado a dar o twist final. Cozinhado de forma tão suave que a macieza das texturas se traduz numa palavra: veludo! Foram, muito provavelmente, as iscas com o molho mais aveludado que já tive oportunidade de provar.

Tudo acompanhado com um vinho tinto Vinhas de Algeruz – José Maria da Fonseca – com sabor a tabaco & pimenta.

A nós comensais da boa vida, interessava-nos desfrutá-lo com prazer, apreciá-lo, oferecendo-nos sem pressas, como a “sentada” pedia, aos nossos sentidos. Combinando-o com os petiscos, harmonizando bons momentos com boa companhia.

A refeição caminhava para o fim, mas não era ainda tempo da sobremesa.

O anfitrião presenteou-nos ainda com Camarão selvagem ao alhinho. Uma mescla de camarão, gengibre, azeite e gindungo.

Mas há também petiscos icónicos da gastronomia sadina, nomeadamente o choco frito, um dos pratos prediletos da gastronomia setubalense, que atrai não só os locais mas também os forasteiros. É que há quem faça alguns quilómetros só para provar choco frito. Que o diga o fotógrafo do Blog Miguel André, que viajou até Setúbal para saborear a gastronomia com pronúncia sadina.

O Miguel André que é grande apreciador de choco frito, ficou descansado. A iguaria não foi esquecida nesta degustação, bastou falar nela e respirou de alívio, consolando-se: o Choco chegou, sequinho, sem gordura, com um pouco de picante a dar aquele twist.

A acompanhar o vinho tinto – Uma delícia de vinho, que pede mais um copo!

SOBREMESAS

Entrámos no último momento sem culpas e com satisfação: desmontar as sobremesas.

Foi uma grande surpresa sensorial, sobretudo a Pavlov de Frutos Vermelhos que levou o tempo todo a pecar comigo. É o ex-libris da casa e seria um grande disparate resistir à uma das melhores sobremesas da casa.

Uma combinação explosiva de sabores absolutamente deliciosa, a ponto de ficar a salivar por mais meia dúzia de pratinhos desta sobremesa.

Depois de recomendada pelo anfitrião que a elevava à categoria de manjar celestial, sem ser um atentado à dieta, chegou à mesa a Mousse de Chocolate. E fiquei muito bem servido.

Por último chegou à mesa um Pudim tradicional de Ovos, sem segredos mas muito saboroso, confecionado com a segurança e a técnica da Maria João Perdiz, a esposa, uma doceira experiente. A calda dourada do caramelo escorria pelo pudim simbolizando o doce final desta sentada/repasto. Quem conseguiria recusar uma fatia?

Tive sorte com o dia, o local e a hora em que entrei na Oficina de Momentos.

Contatos da OFICINA DE MOMENTOS

Está no Bairro salgado e merece, certamente, a sua visita.     Rua Aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral, 13 – 2900-257 Setúbal.

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Créditos Fotográficos: Miguel Silva

Agradecimentos 

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