Restaurante OPTIMISTA | PARA METER O GARFO E A COLHER NUMA CULINÁRIA OUSADA!

Num país cheio de recantos inacreditáveis e por vezes inesperados, não faltam motivos para sair de casa e deambular por aí à descoberta. Novos lugares, novos conhecimentos e novas amizades são também garantia de emoções novas, descoberta e bons momentos.

As novas ofertas da capital, entre o Cais do Sodré, a rua de São Paulo e Santos, são uma novidade relativamente recente, além da paz, beleza e sabores que proporcionam, enchem as redes sociais de fotografias de fazer inveja a muitos seguidores.

Nesta artéria da cidade a revitalização de edifícios e estabelecimentos é assinalável, assim como a abertura de novos spots, refletindo as vagas de imigração que chegam a esta cidade cosmopolita aberta ao mundo.

A rua da Boavista está a ganhar cada vez mais, nova vida, boas vibes. Revitalizam-se edifícios, transformando-os em restaurantes da moda e outros espaços de bem-estar. Lojas trendy e alternativas completam esta paisagem urbana, transformando-a numa das zonas mais bem-dispostas e movimentadas a qualquer hora do dia.

Esta tendência atrai cada vez mais novos inquilinos, turistas, moradores, empresas, retalhistas e comerciantes de boa vibe que não são vistos como má vizinhança. Pelo contrário, atraem novos e diversificados clientes.

Foi na plural e vibrante rua da Boavista, cheia de lugares hipsters e restaurantes da moda que descobrimos o restaurante Optimista. Palco de uma cozinha de autor a seis mãos, apreciado pela diversidade dos ingredientes, pela qualidade dos produtos, pelos sabores & aromas únicos, o “Optimista” permite meter o garfo e a colher numa culinária ousada em pleno centro urbano! Neste restaurante frequentado por lisboetas, mas, que os turistas também recomendam, vale a pena apreciar uma vibe que reúne experiencia, aconchego e um certo carisma.

Um balcão, mesas, cadeiras, uma cozinha à vista e arte na parede!

A intenção inicial dos sócios era encontrar um espaço pequeno, acolhedor e com a particularidade de ter um balcão.

Encontraram uma antiga loja de ferragens que deu lugar a um restaurante luminoso – o Optimista – resultado do empenho e da dedicação que os sócios puseram em cada detalhe da recuperação.

Na estrutura original da sala, em que foram caprichosamente mantidos o pé direito alto, a traça arquitetónica e os originais arcos pombalinos, saltam à vista um unicórnio (um símbolo de pureza e força), uma tapeçaria de 6 metros, feita especialmente para o Optimista, gentilmente cedida pela empresa Ferreira de Sá, arranjos florais, os corais na parede, as mesas de metal com tampo em mármore, as cadeiras de metal forradas com tecido cor de pistachio e o elegante balcão do bar.

Uma decoração clean, rica em quadros e ao mesmo tempo vanguardista, com toques contemporâneos, onde os tons ténues se misturam.

A luz envolvente, incide sobre os sofás corridos. Ao fundo o balcão e a cozinha aberta, emprestam a ilusão de um espaço maior e mais profundo. Se o espaço agrada à vista, a cozinha satisfaz o paladar.

Além do apoio do bar, a cozinha à vista de todos permite ver os sorrisos de quem trabalha nos tachos. Além disso, o cliente pode acompanhar toda a preparação das refeições de perto e, simultaneamente, apreciar o movimento da rua sem realmente o sentir. Oferece também vibrações positivas, culinária saborosa, baseada nos ingredientes locais, mas tudo o resto é criatividade e reinvenção dos chefes.

O Optimista foi pensado para funcionar como um espaço de bom gosto, elegante, cosmopolita e ao mesmo tempo com ambiente familiar, criador de experiências gastronómicas ousadas. Cozinha de autor, com uma panóplia de sabores diferentes para desmontar em qualquer momento, em qualquer celebração. Uma boa opção para despertar sentimentos adormecidos como o romantismo, mantendo o espírito de quem conhece e valoriza as prioridades certas.

Há dias conturbados, em que se tem de lidar com algumas adversidades, como preocupações com a saúde e/ou a perda de pessoas de quem gostamos, mas depois, chega-se a um espaço, a um spot, conhecem-se pessoas, tem-se impacto e é tão compensador imergir numa degustação!

COZINHA DO AVESSO

Na obra “O Avesso das Coisas” do escritor Carlos Drummond de Andrade, o poeta retira do quotidiano, não só o lírico, mas também o curioso, o imprevisível, o insólito. Com a mesma acuidade do poeta, “virar do avesso” por vezes resulta em nobres descobertas.

Este modo de ver as coisas pelo lado avesso, resulta em descobertas deliciosas, improváveis e, por isso, verdadeiras e genuínas. Talvez por isso, e inspirado por Drummond, demos volta ao conceito do Optimista, e viramos a cozinha do avesso. Andámos por todo lado, falámos com os chefs, com o sócio Filipe Rocha, a Maria Hipólito, tocámos nos produtos, picámos aqui, e ali, saboreámos os vinhos, os cocktails e descobrimos os melhores ingredientes, os melhores pratos! Foi fascinante descobrir, saboreando, a forma como confecionam os alimentos e o significado que lhes dão!

Misturar os sabores é ainda mais divertido no Optimista, um spot que funciona sob o comando dos Mosqueteiros. A casa é fruto de um gosto em comum. Por isso, os sócios investiram num espaço que deixa o cliente brincar com as diversas combinações das provocações dos mestres do sabor, transformando a experiência gastronómica num momento de puro prazer.

Nesta experiência, foi literalmente pôr a mão nas sugestões e descobrir os segredos da culinária dos chefs, conhecer os mais variados temperos e suas melhores combinações.

É esta cumplicidade, entre as palavras, os sabores, os aromas e os sentidos, que no Optimista se criam mundos que nos atravessam a vida, nos curam e tranquilizam por dentro. A mim deram-me o bem-estar interior que precisava naquele dia e consegui manter as emoções à prova de bala.

Digo muitas vezes que para uma refeição ser arrebatadora não nos podemos preocupar apenas com aquilo que é servido à mesa. O ambiente, a decoração e o atendimento da equipa também têm algo a dizer.

A EQUIPA

OS SÓCIOS

Optimista é o mais recente projeto de Filipe Rocha (gestor de informática, mas cedo se deixou encantar pela gastronomia e pela arte) e Rita Andringa (designer de interiores, função que exerce no seu dia-a-dia, mas acompanhando sempre Filipe de perto nos seus desafios gastronómicos) que durante anos foram anfitriões do “Jantar Secreto”, dedicando-se a organizar jantares coletivos, reunindo amigos e estranhos em lugares privados, ou, até na sala da sua própria casa, com o seu Private Cooking. Chamam-lhes “supper clubs”, nome atribuído às refeições especiais que se servem, em espaços diferentes, a pessoas que não se conhecem entre si. Para preservar o caráter secreto dos jantares, os endereços só eram divulgados depois da confirmação da reserva. Para os anfitriões, é um jeito de transformar um hobby em ganha-pão. Para os clientes, a interação entre cozinheiro e comensal é uma das atrações e uma forma informal de comer fora.

O projeto deu tão certo que Filipe Rocha e Rita Andringa, quiseram apresentar as suas criações de porta e cozinha abertas, mantendo a ideia de proximidade e intimidade.

Decidiram dar uma nova dinâmica ao projeto que criaram, ao qual se juntou o Pedro Ventura (é financeiro de formação), que com gosto trocou a seguradora onde trabalhou pelo Optimista, completando o trio que compõe a sociedade.

Estava constituída a união dos 3 Mosqueteiros para criarem este spot onde se respira boas vibrações por todo o lado: um gestor de informática, com conhecimentos tanto da cozinha como da sala de refeições, a qual se juntou o gosto especial por arte; uma designer de interiores omnipresente no restaurante, com um olhar de lince para todos os aspetos da decoração ao “food styling”, cabendo-lhe o papel de júri implacável na prova dos pratos e para concluir um financeiro, com presença frequente ao jantar, dando conselhos preciosos no que diz respeito à harmonização dos vinhos.

O gosto pela culinária acabou por levar a melhor e todos eles põem a mão na massa, sendo que o Filipe e o Pedro são presença diária no restaurante, recebendo clientes de forma diferenciadora. Ambos servem à mesa, dando um toque pessoal ao atendimento.

Na cabeça dos sócios há sempre novas ideias a fervilhar para futuros projetos, diferenciadores, únicos e sempre ligados à arte.

OS MESTRES DE SALA

São 3 mestres de sala a proporcionar um serviço personalizado, simpático e atento, que em muito contribui para o regresso de comensais como nós, conforme a vontade, disponibilidade e companhia.

A Chloé da Veiga Pinto, nasceu na Suíça, tirou o curso de Artes Culinárias e Gestão Hoteleira na ESHT. Estagiou em vários restaurantes de estrelas Michelin; em Nova York, País Basco (onde tirou um curso de cozinha molecular) e Portugal. Tirou o curso de gestão na LSE, e fez o primeiro ano de mestrado em Design e Cultura visual no IADE.

O JU

É o mais recente membro da equipa e já não o deixam ir embora!

A chefe é a Maria Hipólito, nascida em Ponta Delgada (São Miguel, Açores). Veio pequenina para Lisboa, mas faz questão de dizer sempre que é açoriana.

Desde sempre que queria ser bailarina, quando a vida lhe trocou as voltas, ainda, pensou em política, história, em artes… Acabou em direito na Católica. Depois de um ano e meio libertou-se, fez voluntariado no Teatro São Carlos, foi para a Ucrânia 6 semanas ensinar inglês, e quando regressou entrou na escola de hotelaria e turismo de Lisboa em Food & Beverage Management. A partir daí tudo fez sentido, turismo, os clientes… é o negócio da felicidade!

Quando acabou o curso foi trabalhar para o Optimista (dia 1 de maio de 2018) como chefe de sala na perspetiva de sair uns meses depois para fazer a licenciatura em Hospitality and Tourism Management. Quando chegou a altura tentaram escolher e adaptar os horários para que pudesse ficar mais um bocadinho… até hoje. Está no segundo ano da licenciatura, agora também a fazer a gestão de redes sociais do restaurante, graças à flexibilidade dos seus patrões e sem perspetivas de sair. Todos os dias vê as reviews em todos os sites, todos os dias conversam e tentam ver o que podem fazer para melhorar.

Todos os dias procuram ser uma única equipa, não cozinha+sala.

Quanto à “paparoca”, que é coisa que estes dois comensais (eu e o fotografo Miguel André) muito prezam, a qualidade e a frescura (como todos sabem) é assegurada pelos 3 Chefs: Nuno Gonçalves, Márcio Silva & Rafael Batalha. Jovens cozinheiros de sabores arriscados. Gostam de se aventurar nos pratos, o que resulta em sabores imprevisíveis, deleitáveis e intensos.

OS MESTRES DO SABOR

São cada vez mais os cozinheiros que inovam e reinterpretam sabores nacionais e internacionais.

A cozinha do Optimista, minimalista e experimental, revela-se numa gastronomia internacional, por vezes com sabores pouco comuns, até porque uma das ideias destes 3 mestres do sabor – que viram a possibilidade de expansão (como cozinheiros) viajando para o estrangeiro – é trabalhar produtos diferentes do habitual, mas que não têm de ser exóticos. Há que combinar ingredientes e formar receitas novas, numa fusão de sabores e de culturas. Na verdade, os chefs dão privilégio a produtos locais e o Mercado da Ribeira ganha assim mais importância.

A ementa proposta evoluiu não só ao compasso das graduais exigências do paladar dos clientes, como resulta das experiências adquiridas pelos chefes, não só, em alguns dos mais emblemáticos restaurantes nacionais, como nas viagens que têm realizado internacionalmente. São receitas criativas, inovadoras, irreverentes e exclusivas, mas sempre com um toque nacional e mediterrânico, tornando assim as refeições saborosas de encher as medidas. O aspeto apresentável de cada prato, serve de estímulo e influencia o apetite.

Para prender as pessoas pelo estômago, a apresentação do prato, o sabor e a qualidade dos produtos é fundamental para estes Jovens Cozinheiros (por isso com tanto tempo ainda para dedicarem à cozinha, à gastronomia):

O Chef Nuno Gonçalves/Shakira, natural de São Miguel, Açores, depois de tirar o curso na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, estagiou no L’and Vineyards no Alentejo, depois veio para Lisboa. Quando acabou o curso foi para a Polónia fazer parte de uma equipa de portugueses, que abriu lá um restaurante (Chef Português), voltou para Lisboa para ganhar fôlego, e de seguida foi para a Dinamarca (restaurante Kadeau). Voltou novamente para Lisboa (desta vez por 1 ano), passado algum tempo foi para Londres. Entretanto, regressa para trabalhar como sub chef com o Chef Carlos Santiago (atual chef do restaurante Afuri) com quem já tinha trabalhado na Polónia. Saiu para fazer parte da equipa do restaurante Tsukiji do Paulo Morais, e atualmente integra a equipa do Optimista.

Traz, não só os temperos açorianos como toda a experiência internacional.

O Chef Márcio Silva, natural de Lisboa, começou a viagem pelo mundo da cozinha, na marinha de guerra portuguesa, onde tirou o curso de hotelaria e trabalhou 6 anos.  

Depois desta pequena grande aventura começou a trabalhar no restaurante Rabo d’pêxe do chef Paulo Morais. Em 2018 passou a fazer parte da equipa do Optimista.

O Chef Rafael Batalha (Rafa), natural de Sintra Mountains, depois de tirar o curso na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, trabalhou em 7 restaurantes e em dois hotéis, viveu na Polónia e Dinamarca.

Privilegia as viagens e uma cozinha de base portuguesa, salpicada com ingredientes do Mundo, mantendo a identidade nacional e a experiência internacional.

São estes os 3 jovens cozinheiros/viajantes, pesquisadores, curiosos, inquietos, provocadores e criativos “mestres do sabor”.

Entre “malas de viagem e tachos” conheceram-se e os interesses comuns levaram a uma parceria gastronómica na cozinha do Optimista. É aqui que dão a conhecer a sua irreverência e criaram uma aliança a partir da fusão de várias experiências gastronómicas, que serviu para conceber uma ementa de sabores ousados.

ECO-TUDO: A GASTRONIMIA SEM DESPERDÍCIOS

Os alfacinhas passaram a ter Lisboa, como a capital verde europeia durante o ano 2020. Também o Optimista é reconhecido, “porém para sempre”, pelo trabalho feito rumo à sustentabilidade: os chefs “Mestres do Sabor” mudaram a maneira de cozinhar de forma a aproveitar todas as partes do animal e a integrar as cascas, caules e raízes dos vegetais nas suas receitas, que juntam ingredientes que muitos cidadãos, à partida, não saberiam o que fazer com eles. Gastronomia sem desperdício! A onda dos “Mestres do Sabor” é fazer da culinária uma forma redentora de combater o desperdício. Alimentos que iriam para o lixo resultam em iguarias.

O que me deixou muito satisfeito é a valorização e não desperdício dos ingredientes, que os chefes praticam. Provando que se consegue fazer uma excelente gastronomia utilizando tudo dos produtos.

A título de exemplo, para não deitar nada fora, usam as folhas de qualquer raiz ou vegetal, como os talos de cenoura para confecionar “pesto de cenoura” e talos de nabiça para fazer vinagrette. Fica saboroso e tudo é aproveitado. Usam também o pato inteiro para fazer os Niguiris. É tudo confecionado pelos chefs. Uma boa forma de não desperdiçar nada!

A EMENTA

Na cozinha à vista de todos dão a conhecer a ementa constituída por pratos de inspiração portuguesa com influência internacional.

Como o objetivo principal é impressionar palatos e corações, desenvolvem interação entre o cliente e a “paparoca”. Mesclam produtos previamente selecionados, sobretudo os locais: ingredientes sazonais, nacionais, respeitando a frescura e matizes dos alimentos –cor, cheiro & sabor. Peixe fresco do mercado, ali tão perto, carne cuidadosamente procurada junto de quem garante qualidade e saladas cheias de cor & sabor.

Criando pratos leves e saborosos, a ementa também está adequada a vegetarianos, opções vegan e sem glúten.

…. tinha chegado a hora do jantar….

Fazer “check” em todas as sugestões, do Filipe Rocha e Maria Hipólito. O melhor caminho para descobrir o que há de melhor na cozinha destes chefs. Lá fomos nós farejar as provocações propostas!

A DEGUSTAÇÃO PARA METER O GARFO & A COLHER

Uma degustação onde além dos convencionais, há alguns sabores exóticos que têm o papel principal. Aventuramo-nos por sabores inusitados, sabores exóticos, cozinha de autor, pela mão dos 3 chefs. Apostam na vanguarda, identidade e criatividade na cozinha do Optimista.  Partem da reinterpretação da gastronomia portuguesa, mesclada com técnicas contemporâneas, influências multiculturais e uma ponderada seleção de ingredientes de qualidade. Os produtos frescos, da época e, de origem nacional, são essenciais na confeção dos pratos. Alguns deles vêm do Mercado da Ribeira, ali tão perto.

As Boas Vindas deram-se ao balcão. Degustamos um Ginger Apple, um cocktail preparado e servido pela Maria Hipólito.

Gosto de balcões. Sinto que há mais proximidade com os clientes, mais interação, mais curiosidade. Vivem-se histórias, bebe-se elegância em cada cocktail, com música ambiente a condizer, respira-se o som em cada momento… tudo coligado ao bom ambiente!

Já na sala de refeição, as conversas regadas a vinho, uma escolha competente sem deslumbrar, cozinhavam-se sorrisos, com as boas vindas dadas pelos chefes: Nuno Gonçalves, Márcio Silva & Rafael Batalha que prometeram e cumpriram assinar uma degustação autoral para uma experiencia em grande!

Estávamos ansiosos por desmontar os pratos elaborados pelas mãos dos 3 chefs bem ao alcance dos paladares mais exigentes, como os nossos!

Para a degustação preparada a seis mãos, colorida, de fusão, com grande coerência estética, nasceram sabores para degustar sem medos e para quem seja bom garfo, como esta dupla de comensais.

As surpresas destes jovens chefs chegaram finalmente à mesa.

Enquanto o momento de espera era assaltado por um “mix” de expectativas, os pequenos detalhes faziam diferença à mesa na hora de seduzir as pessoas. Nós sempre comemos primeiro com os olhos. Estimamos cores, apresentações e quantidades do que está no prato. O aspeto serve de estímulo e intromete-se no apetite das pessoas, assim como o aroma e a apresentação da mesa.

Entradas

Foram as Cenouras assadas que acenderam a vontade de desmontar com prazer a degustação proposta. Pratos descomplicados e reconfortantes como estas deliciosas entradas:

Cenoura assada, mousse de requeijão, noz caramelizada e pesto de talos.

As Cenouras assadas, cenoura em pickles, mousse de requeijão, noz caramelizada e pesto de talos, são confecionadas sem desperdício – “zero waste”. São aproveitadas na totalidade, com a casca e tudo, o que a torna ainda mais saborosa. A rama da cenoura é aproveitada para confeccionar o pesto. Depois é feito um molho. A gordura vem dos ingredientes, não leva azeite.

No misto dos sabores das cenouras assadas sente-se o crocante da noz e o adocicado do caramelizado. A noz caramelizada e os pickles de cenoura fazem toda a diferença. Foi vê-la desaparecer num ápice! Uma proposta saborosa e de encher as medidas.

Esta entrada, a marcar pontos, é a estrela da ementa!

André Miguel, aquele fotógrafo de olhar guloso, referiu de modo simpático que era um prazer desmontar esta entrada! Bom confronto entre texturas, sedosa, macia, com acidez dos pickles discreta e envolvente. Bom começo para preparar o palato.

De seguida veio a outra entrada.

Niguiris de Pato curado (sal e açúcar)

O Niguiri tradicional, é um prato da culinária japonesa que consiste numa porção de arroz prensado, com as próprias mãos, com uma fatia de peixe cru por cima. Geralmente, o preferido dos fãs e o mais utilizado é o Salmão.

Mas há que dar uma oportunidade à cozinha urbana do Optimista, que aprimorou técnicas e introduziu novos recheios ao Niguiri tradicional. Faça como eu, que me deliciei com a proposta destes “Mestres do Sabor”, que preparam com Pato Curado sob uma cama de Arroz de Pato. Uma combinação simples e clássica de “pato com arroz”!

Compram o pato inteiro e aproveitam o magret/peitos para curar no próprio restaurante em salmoura e açúcar, depois, é só esperar o tempo de cura para confecionar. O resultado é um pato curado caseiro de sabor delicado e aromatizado. Leva rodelas de pimentos e um molho da casa. O que sobra do pato serve para fazer um arroz encorpado e sabor intenso. Uma combinação que funcionou muito bem! Excelente sugestão para experimentar.

Assaltado por apetite incontrolável, não renunciei ao prazer de desmontar este “Niguiri de Magret de Pato Curado”, fatiado fininho, mantendo a camada de gordura e servido, sob uma cama de arroz de pato, algo insuperável. Será motivo de profundos remorsos? Para quê torturar-se com dietas? Foi vê-lo a ganhar asas e a voar para o estômago.

As escolhas desta degustação foram bem descomplicadas. Não sentimos verdadeiramente grande distinção entre as entradas e os pratos principais. Mas, vamos aos pratos principais.

A degustação pedia, pelo menos, dois pratos à mesa, pelo que sugiro, antes da passagem à sobremesa, uma paragem demorada nos pratos principais.

… também têm alternativas mais saudáveis!

O primeiro prato principal a chegar à mesa foi o prato vegetariano Sacchettis, que até eu, carnívoro convicto, devorei num ápice.

Sacchettis, com recheio de queijo de cabra, espinafres e como condimentos maçã em calda, cogumelos salteados, aipo, molho de cebola queimada e lascas de queijo da ilha que realça ainda mais o sabor, é um dos pratos mais pedidos.

Vendo este esfomeado que tinha acabado de desmontar um Niguiri de Pato curado, Miguel André entre uma garfada e outra referiu: Taylor, vais babar.

Comi com grande satisfação e, por fim, recostei-me nas almofadas do banco corrido e passei a mão pela “barriguinha”. – Valha-me Deus, nunca estou cheio, mas nunca tenho fome! Uma nova descoberta para muitos, uma nova combinação para todos e um sabor persistente (lascas de queijo da ilha) que me acompanhou até ao próximo prato.

Para finalizar o capítulo salgado, foi servido Cachaço de Porco. Apesar de requerer algum tempo para a sua confeção, é sem dúvida compensado na hora de o desmontar.

A carne foi cozinhada durante muito tempo em lume brando, o que confere a sensação de estarmos a degustar uma carne com propriedades fumadas. O cachaço fica bem apurado e ao ser cozinhado lentamente torna-se macia. Fica com uma tonalidade rosada que nos dá a sensação de estar crua. Mas não, pelo contrário, estava cozinhado no ponto certo, tom tostado, tenrinha e mantendo toda a suculência.

Cada um destes procedimentos é de extrema importância e isso reflete-se no sabor e aroma do prato. Cozinhado lentamente os sucos espalham-se por todos os cantos e fica sem partes ressequidas.

O Cachaço de Porco, faz-se acompanhar por batata assada e salada com vinagrete de alho negro e por um simpático puré de maçã. Serve-se quentinho e bem regado com o molho agridoce. É divinal.

Os bons resultados das combinações dos jovens “mestres do sabor” provocaram-nos o paladar ao proporem-nos esta degustação. E como gostamos de uma boa provocação, certamente que respondemos ao apelo para desmontar avidamente todas as sugestões. Um manjar para celebrar em qualquer tipo de data.

E porque os doces nos adoçam o espírito, mantivemos o bom humor para os últimos arremates, que desmontamos com grande satisfação. Gula é pecado?Todavia, com espaço ilimitado “quando preciso esticar”, ainda podia saborear o epílogo desta degustação: as sobremesas!!!

Chegadas à mesa e desmontadas, sem titubear e sem olhar para os lados, acabou por ser a boca a dar sentido ao momento mais doce da noite, fazendo-nos baloiçar o palato entre as duas tentadoras propostas.

A primeira a chegar foi o Bolo de Chocolate, ladeado por gelado de banana, mousse de amendoim e caramelo salgado, a decair para o adocicado equilibrado. A textura do conjunto a cumprir em pleno, tanto ao nível da textura como de sabor. O crocante de amêndoa é uma decoração saborosa. Estava a pensar fazer dieta depois dos excessos do natal…esquece lá isso! A sobremesa é gulosa e talvez por isso, seja o ex libris da casa.

Em minha defesa esclareço que é mesmo impossível resistir a este casamento do amendoim com os outros elementos. É divinal!

Por fim, e porque dizem que todo o ser humano tem sempre um lugarzinho para os doces, fomos ainda presenteados com um Ananás sem desperdício, que abre o sorriso de qualquer um.

Acabámos a refeição em grande estilo, com um Ananás prensado com talos de hortelã, mousse de côco, com infusão de cascas de ananás, curd de citrinos, bolacha de amêndoa, neve de iogurte e carrega um gosto irresistível de especiarias. Excelente a combinação da bolacha de amêndoa, talos de hortelã e especiarias.

A suave acidez do ananás e o toque de frescura da hortelã conquistaram-me imediatamente.

O sabor das especiarias a aromatizar a sobremesa, combina muito bem, fazendo um contraponto equilibrado, que deixa um sabor diferente e provocante. Um resultado muito feliz que me transportou do óbvio para sabores inusitados! Deixamo-nos surpreender pelas sugestões, cheias de criatividade.

O sabor forte dos citrinos é atenuado pelo ananás. A bolacha de amêndoa para deixar tudo mais crocante, sob uma cama de pó de menta e coberto por cima com as folhas da menta. A erva combina muito bem ao aromatizar e dar sabor à sobremesa, dando um toque de frescura. As especiarias acrescentaram mais vida, realçando suavemente o sabor, dão um toque picante. Mistura de elementos contrastantes, mesclando sabores picantes, suaves, doces e crocantes.

Por mais cuidado que se tenha, nem o fotógrafo Miguel André conseguiu diminuir o volume do barulho da dentada da bolacha crocante que foi recebido com uma reação de satisfação, fazendo-o refém desta sobremesa, sem julgamentos, culpas, ou medos de engordar.

Em cada prato degustado à medida do mundo, cabiam mil emoções por garfada ou colherada (sobremesas), convidando a uma boa refeição entrecortada de boas conversas.

Depois da sobremesa, a sala de refeições encheu-se de clientes que aspiravam desmontar as melhores sugestões dos mestres de sabor, entre conversas, gargalhadas e garfadas… era tempo de partirmos levando, todos os bons paladares que nos proporcionaram uma experiência gastronómica aprazível, com incursões pelos verdadeiros clássicos da cozinha portuguesa recriados pelas mãos dos 3 chefs, aliado a um serviço distinto e cuidado. Um bom atendimento fideliza!

Cada prato revelou a identidade de cada chef e as suas experiências/vivências/influências. Tentei descrever todos os detalhes, graças ao meu bloco de notas, que me auxilia a memória nestas degustações difíceis.

Mas experimentar todas as opções de uma só vez, é praticamente impossível.

Um estaminé para incluir no seu portfólio e a que eu muito provavelmente retornarei. Será um prazer deliciar-me com a irreverência dos 3 chefs e desfrutar do atendimento personalizado de todos.

Sinta-se à vontade para visitar: Restaurante Optimista.

Morada: Rua da Boavista 86, 1200-068 Lisboa

Contacte-os: Telefone 213460629

Email: info@optimista.pt

Horário: Terça a Sexta: 12:00-15:00 e 19:00-24:00

Sábado: 19:00-24:00

Créditos Fotográficos: Miguel Silva.

Agradecimentos: Pelcor & Tina Souvenir.