Há vidas que são saborosas, cheias de temperos, e aromas, a conquistar lugares nos tachos e nas melhores mesas. A do Chef Miguel Castro e Silva é uma delas. Conquistou e lidera uma equipa de profissionais em diversos espaços: o Less, na Embaixada, no Príncipe Real, o Less da Baixa Pombalina, no terraço da Pollux, (reveja o artigo), na cafetaria da Fundação Gulbenkian e nos espaços abertos no Porto.
Marcar pela diferença é o lema do Lumni. Situado no último piso do The Lumiares Luxury Hotel Apartments, o antigo Palácio dos Condes de Lumiares. Construído no século XVI, o palácio histórico foi requalificado e transformado em hotel de luxo, na Rua São Pedro de Alcântara, Lisboa, em frente ao elevador da Glória. Ostenta dois espaços distintos. No piso térreo, o Mercado Café tem refeições mais leves e peticos para desmontar (ainda não provámos, todavia daquilo que conheço do Miguel André Silva, sei que sussurraria: “Não provei, mas desmontaria qualquer um dos petiscos. Perfeitos para a minha dieta falhada!”), no topo do Hotel, o Restaurante/Bar cosmopolita LUMNI e no espaço contiguo um terraço, com vista para o Tejo, Castelo São Jorge, Bairro Alto e telhado da Igreja de São Roque. Vista inspiradora para me lançar à conversa com o Miguel Castro e Silva, longe do reboliço próprio dos transeuntes do eixo Chiado- Bairro Alto-Príncipe Real.
De pé ou sentado o rooftop do Hotel Lumiares, pede uma brisa fresca, um copo na mão, de preferência cheio, degustar um cocktail, experimentar um outro aperitivo ou secar uma das garrafas da Quinta de Ventozelo de Miguel Castro e Silva e, por fim, deixarmo-nos conquistar por gestos cuidados, atentos e boas conversas.
Acalenta-nos a expectativa de desmontar, sem pressas, (somos adeptos do slow food, a pressa para nós é inimiga da refeição) a paparoca da dupla de Chefs Miguel Castro e Silva e Gonçalo Ribeiro.
Um ambiente descontraído, cool, contemporâneo e um terraço de vista privilegiada a conviver harmoniosamente com a sala de refeições/interior. Ambos podem ser frequentados pelo público em geral.
Uma sala de refeições aprazível, confortável e simples, a exibir na parede do fundo quadros irreverentes com óculos de sol verdes pintados.
Quando entramos num restaurante a primeira coisa em que reparamos é na decoração, no enquadramento e no conforto.
A seguir o serviço, a forma como somos recebidos, atendidos e depois os sabores, o tempero, a comida!
Uma decoração simples, diferente, uma boa cozinha e um excelente atendimento fazem uma excelente parceria, tornando o espaço mais apetecível!
A cozinha, o coração do restaurante, a zona onde se transformam os ingredientes em verdadeiras tentações, está equipada em função do serviço. Apresenta uma distribuição de funções que assegura, metodicamente, a funcionalidade: o André entregue às proteínas, a Sofia aos molhos e guarnições, o Sérgio às entradas frias e sobremesas, com o Chef Gonçalo Ribeiro no comando.
Convertido em cozinha aberta, permite que o cliente veja ao vivo tudo aquilo que se passa naquele espaço.
Os clientes acompanham a preparação e o empratamento dos seus pratos, para uma experiência que permite aos comensais ver, cheirar, sentir os aromas, despertando uma variedade de sentidos como visão, olfato e paladar que nos envolve num almejo especial: a vontade de encostar o garfo e a faca à boca e desmontar sem pressas, uma panóplia de pratos. Comer bem, respeitando o direito do prazer. Não me fica mal sussurrar isto, pois não?
O Restaurante/Bar do Hotel Lumiares, que ganhou identidade própria com o nome “Lumni”, faz jus à belíssima e única luz natural de Lisboa, celebra o prazer de estar à mesa, de terça-feira a sábado, onde o Chefe de sala João Gomes, o Barman Luís Levy, o Diogo Martins e o Bruno Miguel recebem os clientes, tal e qual como se estivessem em suas casas.
Nesta cidade que está na moda e que dissemina muito bem o seu lado cosmopolita e que tão bem a transpõe na gastronomia, o Lumni está a comemorar um 1 ano de portas abertas.
Com aviso prévio, a dupla Jorge Manuel Taylor (autor do Blog) e Miguel André Silva (fotógrafo) – uma dupla de peso, quando o assunto é, a melhor forma de desmontar tachos, travessas e pratos – passaram por lá para jantar. Sentir os aromas, provar os sabores e texturas.
O Chef pôs as mãos na massa. Diga-se em abono da verdade que Miguel Castro e Silva respondeu com competência e paixão pelos tachos.
Depois do vinho branco fresco de boas-vindas servido no terraço, o Chef/anfitrião definiu a ementa de degustação. A prova de hoje espraia-se entre as propostas mais sugestivas da ementa.
Os pedidos foram feitos em função das suas preferências e do que ele achava que iríamos gostar. Foram assertivos.
Para começar não há como fugir das clássicas manteigas aromatizadas com pato fumado, manjericão e beterraba, servidas com pão e vinho.
De seguida passamos para as entradas. Foi obrigatório desmontar: “Salmão curado com vinagreta de framboesa”. De textura delicada e aroma levemente fumado, envolve-se também com avelã, figo, algas marinhas e é acompanhado com salada. A tocar a tentação mais recôndita.
E para terminar “Atum à Japonesa, vinagreta de balsâmico e soja”. O lombo de atum é selado com flor de sal. De seguida adicionaram a pimenta, foi grelhado em frigideira bem quente com um fio de azeite de todos os lados. Depois de arrefecido foi colocado no frio. É servido com uma mistura de alfaces e com o molho: Vinagreta de balsâmico e soja.
Antes de encerrar, o melhor é pedir a dobrar. Uma vergonha, nós sabemos!
Todavia, estas irresistíveis tentações despertaram-nos as papilas gustativas.
Como prato principal o Chef sugeriu uma especialidade de lulas recheadas.
O certo é que ainda tivemos um lugar para abrigar o molusco/cefalópode! Oh, se tivemos.
Esta dupla de comensais ávidos de sabores ecléticos, ainda trincou uma “Lula Recheada”. Um prato que nos deu imenso prazer desmontar. A Lula foi recheada com panceta alentejana, paio alentejano, molho de carne cozida, alho, louro, temperada com temperos da casa, vinho branco, e envolto em bacon. É segredo não é, Chef? Há muito que o Chef Miguel Castro e Silva andava a fazer experiências para conseguir uma mistura de ingredientes que combinassem perfeitamente.
A mescla da panceta, bacon e paio, confere-lhe um sabor fumado perdurante, um outro sabor (além do salgado, doce, azedo e ácido), que realçou o sabor do prato, que muito nos agradou. Uma harmonia de sabores interessante. A lula cozida à temperatura ideal e no tempo certo conservou o seu sabor e manteve a sua textura. A presença do sabor a mar, conjuntamente com os restantes ingredientes é desafiante pela riqueza do equilíbrio dos sabores e aroma.
Estava perfeito!
No que respeita a líquidos atiramo-nos sem medos aos vinhos do Chef.
A diversidade de estilos e sabores de vinhos promovem uma imensidão de harmonizações gastronómicas. Seja qual for a circunstância, encontraremos sempre um vinho que seduz e acompanha.
A primeira coisa que Miguel apresentou, com regozijo, foi o vinho que nos serviu, que faz no Douro, na Quinta do Ventozelo.
As harmonizações, com vinhos da autoria de Miguel Castro e Silva foram assertivas e a combinação com a comida teve sucesso. O branco Quinta de Ventozelo – Viozinho – Lote do Chefe Miguel Castro e Silva, bem como, o tinto Quinta de Ventozelo -Field Blend- Lote do Chefe Miguel Castro e Silva, proporcionaram um encontro gratificante tornando a experiência num momento especial.
As boas surpresas não tinham acabado. Apraz-nos saber que nos resta fechar as hostes gustativas com as sobremesas.
“Bom apetite” foi assim que Diogo Martins terminou a apresentação de cada sobremesa.
Nós obedecemos e não deixamos resquícios nos pratos onde uma “Tarte de Citrinos Merengada”, feita na hora, um reinado que é um pedaço de mau caminho, a sobremesa que aguça a imaginação e desperta os sentidos só de olhar, e um “Parfait de Amêndoa e Molho de Moscatel”, um casamento gastronómico feliz que estimula o paladar, combinado com o vinho da autoria de Miguel Castro e Silva e com, alguma, sorte leva a uma boa noite de amor.
São sobremesas ideais para quem não está preocupado com calorias e que as desmonta sem sentimentos de culpa. Pecados sem remorsos que confirmam a mesma mestria nos doces!
Receitas requintadas para pessoas especiais como nós. A Boa Vida Persegue-nos!
A dupla apreciou as sobremesas, sem alvoroço ou anotações desnecessárias, porque existem momentos que não ganham nada em vir seguidos de palavras.
Nós vamos voltar seguramente!
Visite o Restaurante/Bar: LUMNI.
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Créditos Fotográficos: Miguel Silva.