Sempre almejei viver numa sociedade em que as pluralidades de género, étnico-racial, social, e cultural fossem vistas como uma mais valia, como algo positivo algo que acrescentasse valor, riqueza, que contribuísse para uma sociedade inclusiva, que não constituísse uma ameaça.
Numa sociedade plural formada por diferentes etnias, culturas, para viver democraticamente é preciso respeitar as diferentes culturas que as constituem. Abraçar a diferença não pela diferença, mas, lutar pela sua aceitação numa sociedade, ainda, tão cheia de preconceitos!
Com o compromisso assumido de criar um espaço aberto à inclusão, pretendo continuar a organizar exposições, com vista à oferta de uma galeria virtual valiosa, pautada pela valorização das diferenças entre as pessoas, e à desconstrução de instrumentos que promovam as desigualdades.
Em 2017 foram aqui publicados um conjunto de exposições virtuais, Paisagens Improváveis, Vento, Street Vibes, Nossas e Outras Gentes, que apesar de diversificadas, estabelecem uniformidade cultural.
Partilhar fotografias de todos os géneros, de fotógrafos profissionais e amadores, nas exposições online, postadas pelo Blogue, para além dos aspetos sociais, culturais e estéticos, dá-nos um bom motivo para abraçar o diferente e a possibilidade de nos tornarmos mais criativos.
O meu grande desafio é investir na superação da discriminação e dar a conhecer a riqueza representada pela diversidade etnocultural que compõe o património sociocultural desta galeria, valorizando a trajetória dos trabalhos/fotografias que a compõem e lançar os alicerces para criar um sentimento de pertença e de identidade.
Mostrar a tal sensibilidade transmitida por intermédio da fotografia e das palavras, recursos encontrados para expressar anseios, beleza, sensibilidades criativas e denunciar, se for caso disso, problemas, injustiças, discriminações.
Em 2018, pretendo continuar a buscar essa pluralidade cultural. Diversidade & Pluralidade o valor da diferença, na construção desta galeria que pretende cimentar a pluralidade cultural representada pelos diversificados trabalhos e pela sua divulgação, mostra. Neste espaço virtual fecundo, usar a imagem para despertar consciências, modificar atitudes e alterar comportamentos.
A propósito de Resurrection,
Conheci o “Carlos Filipe” por acaso vendo os seus trabalhos no facebook! Também por acaso, um dia perguntei se ele gostaria de expor os seus trabalhos na galeria virtual do Blogue.
Entre uma e outra conversa, ficou decidido que Carlos seria o primeiro fotógrafo a expor em 2018, na galeria virtual do Blogue “A Boa Vida Persegue-me”.
Agora estamos juntos, vestindo essa pele que busca a diversidade, a pluralidade cultural.
Esta é a minha nova empreitada, mostrar Resurrection: as fotografias e as palavras do fotógrafo, que é natural de Aljustrel e vive em Portimão há mais de 10 anos.
Carlos Filipe Assunção é licenciado em língua inglesa, tem formação em teatro e fotografia analógica.
Carlos Filipe apresenta-se assim na galeria virtual do Blogue:
Comecei a fotografar em 2009 por mera curiosidade…objetos simples…situações banais. Fui, eu próprio, o meu primeiro modelo numa série de autorretratos, porque, além de não possuir candidatos, o que queria expor não poderia ser feito por mais ninguém visto tratarem-se de situações minhas. Medos, desilusões e desejos que eram só meus.
Aos poucos comecei a retratar os outros…centrando-me nos olhares, no que lhes ia na alma… e comecei a juntar um conjunto de imagens que retratavam alguém e que ao mesmo tempo retratavam situações comuns a muitas pessoas que as visualizavam nas exposições que fiz.
O meu percurso sempre se baseou na experimentação. Experimentar novas técnicas de retratar e expor coisas não visíveis a olho nu. Ao longo dos anos consegui gravar em imagens a menina cujos pais se divorciaram e a fizeram sentir-se nua, a rapariga bonita que o namorado fazia sentir-se princesa, mas que a maltratava quando estavam sozinhos no castelo, o homem que via a sua vida esvair-se em cada cigarro que fumava… foi assim que fui imortalizando fantasmas e medos particulares e, ao mesmo tempo, comuns a muitas pessoas.
Nunca consegui traçar um estilo, uma tendência… saltitei das cores ao preto e branco, dos olhos felizes aos corpos martirizados, das felicidades esporádicas aos desesperos sem fim aparente.
Ao longo dos anos fui juntando numa caixinha pessoas, momentos, medos, agonias, alegrias e curiosidades.
Decidi parar alguns anos e viajar pelo mundo. Conheci novas pessoas, vivi novas experiências, desiludi-me, apaixonei-me, sofri e fui recarregando baterias para novos retratos.
Terminei o meu hiato quando achei que já tinha mais material para construir. Recomecei do zero… congelando imagens felizes, imortalizando momentos simples como nascimentos, passeios com o meu cão e aos poucos voltei a abrir a caixa para recomeçar o meu percurso de renascimento. Comecei por coisas simples: olhares simples, inocentes… poses meramente ilustrativas e aos poucos fui deixando fluir o que adormecera dentro de mim ao longo destes anos: os monstros que todos temos guardados dentro e que por vezes acordam; o desejo que sentimos de colocar máscaras de gás que nos isolem do resto do mundo; os plásticos que nos protegem do que não queremos que nos toque…
Recomecei a minha ressurreição.
Siga o fotografo: Carlos Filipe Assunção, Carlos Filipe Photography.
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