AS PALAVRAS E AS ESCULTURAS!
Continuando a dar a minha contribuição, com muito afinco para divulgar, valorizar ainda mais a nossa cultura, a nossa arte, apresento a exposição “INCREMENTUM” com obras do escultor João Pedro Rodrigues, que vem acompanhada com textos do escritor Valter Hugo Mãe.
Complementando a exposição, as palavras do escritor pretendem fazer uma ponte entre a obra e o escultor.
“And some who are born live only for minutes, others for two, or for three, summers, or four, and when they go, everything goes – the earth, the firmament – and love stays, where nothing is, and seeks.”- Sharon Olds.
Auscultação do corpo, sobre o trabalho de João Pedro Rodrigues, por Valter Hugo Mãe.
Nada como a escultura figurativa para aludir à ansiedade de presentificação de quem não está, de quem não é. A imagem humana que a escultura produz discute a tangibilidade, a franqueza de se encarar alguém, essa presunção de honestidade do encontro. A observação da arte é sempre encontro, mais ainda no caso desta escultura, em que a sala já comporta uma multidão antes da entrada da primeira pessoa e a especificidade é tão clara que o observador começa por se sentir observado.
O trabalho de João Pedro Rodrigues tem sido lato, mas o rosto (desde logo o auto-retrato) é uma constante, como se auscultasse nos materiais do mundo a natureza do seu próprio corpo. Tantas vezes com um pé na dimensão industrial, jogando também com a escala, em alguns trabalhos é tremendista. O indivíduo da obra de João Pedro Rodrigues é aparição num instante da matéria. Gosto de pensar que as suas figuras acontecem em movimento, são apenas probabilidades a que o artista deita mão por enorme destreza. Instantes de um gesto expressivo cristalizado diante do poder retentor da matéria. Quaisquer que sejam os materiais e as técnicas utilizadas, a obra usa a estupefação, como se o primeiro propósito fosse o de criar o espanto da matéria. No disforme sonha já o corpo, o rosto, o riso ou o grito, no fundo, no disforme sonha já o abraço, esse lado poderoso que presentifica como nenhuma outra arte consegue.
O excecional da arte de João Pedro Rodrigues está na ironização. Problematizando estados de espírito, o que faz é permitir o temperamental, o desajuste e mesmo a fealdade. Muitas vezes usando até a figura antropomórfica, coloca-se invariavelmente como crítico. É muito comum que lide com um certo “clown”. Aspeto caricaturado do indivíduo que pode sugerir o infantil, mas, sobretudo, serve para sublinhar a condição ridícula ou humilhante de algumas situações, de alguns sentimentos. Entre o deleite e a fúria acontece sempre a crise. A figura é uma relação temporal e não a assunção perene de uma questão. Se a escultura permanece nem por isso o seu discurso é sobre a eternidade. Muito ao contrário. A ironia de João Pedro Rodrigues está na avidez pelo estado efémero. O indivíduo efémero. O corpo efémero. Como o atleta que sabe estar na eminência de perder sua perfeição. As esculturas de João Pedro Rodrigues são testemunhas do que passa. Afinal, belas, em descanso, felizes, temperamentais, desajustadas ou feias, são todas acerca do que passa. Do que já não é, não voltará a ser. São auscultações ao movimento, ou seja, inevitavelmente auscultações de obsolescência profunda. Maravilhosas esculturas da incapacidade de nos determos. Somos à pressa, os gestos e a vida inteira à pressa.
“MEU QUERIDO LOBSANG”.
“E alguns que nascem vivem apenas por minutos, outros, para dois ou para três verões ou quatro, e quando eles vão, tudo vai – a terra, o firmamento – e o amor permanece, onde nada é e procura”. Sharon Olds
“A ESPUMA DOS DIAS”.
BIO
João Pedro Sousa Rodrigues, Nasceu em 1967, Rambouillet, França. Vive e trabalha no Porto.
Licenciado em Artes Plásticas pela Escola Superior Artística do Porto (ESAP), com especialização na área de: artes performativas, arte e multimédia e serigrafia.
Bacharelato na área do desenho – ESAP – PORTO.
Curso de Artes Visuais – Escola Sec. Soares dos Reis Especializada no Ensino Artístico.
Curso de Realidade Virtual (3D StudioMax, Bryce 5) Microcamp internacional – Porto 2004.
Curso de formação pedagógica de formadores – (C.A.P) – instituto de artes e ciências – Porto – 2003.
Curso de escultura – Centro de Estudo da Pedra (C.E.P), Matosinhos -1995.
Ação de formação de decoração de vitrinas de espaços comerciais, CECOA, Vila do Conde, 1994.
Ação de formação em gestão – (A.C.P.E) – pelo o Instituto de Emprego.
Formação Profissional – 1994
Frequentou o curso de design de interior, Escola Arte e Graça, PORTO – 1992/4.
Frequentou o curso de artes decorativas, Escola Arte e Graça, PORTO – 1992/4.
Atividade Profissional
Criação do Espaço “João Pedro Rodrigues” Galeria e Oficina de artes Plásticas – Porto 2006/7.
Realização em atelier de cursos livres na área do desenho, pintura e escultura – Rua nossa Senhora de Fátima – porto 2006.
Lecionou o curso de vitrinismo para “Grupóptico”, curso a cargo da ICONEFILE – Póvoa de Varzim 2005.
Lecionou a cadeira de geometria descritiva das turmas de Design de Moda e Design Têxtil no Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil – CITEX – Porto 2005.
Lecionou o curso de escultura nos ateliers da lada Largo arcos da ribeira – AICART – PORTO 2004.
Workshop de escultura – AICART – Porto 2004.
Lecionou um curso de desenho e escultura, na Escola Superior de Educação Instituto Politécnico do Porto (E.S.E), a turma do 3º ano da área de Artes e Ofícios, a convite da Professora Teresa Carrington – 2001/2/3.
Workshop de escultura na Escola E.B. 2/3 Frei João de Vila do Conde, integrado na Semana Cultural – 2001.
Realização em atelier de uma oficina de artes plásticas na área do desenho e pintura – Vila do Conde e Póvoa de Varzim 2001/2/3/4.
Criação de Adereços e Cenografias.
Bailado
Criação de adereços para a peça “Rio Mondego” de Pedro Santiago Cal – Centro cultural de Belém – Lisboa, 2006.
Companhia de Bailado Olga Roriz
Criação de adereços para a curta metragem “A Sesta” – Olga Roriz, 2007.
Construção integral do cenário “O amor vestido de negro no canto de um bar” – Centro Cultural de Belém – Lisboa, 2005.
Trabalho de cooperação cénica – para a companhia de bailado Olga Roriz, Porto, 2004.
Teatro
UTERO – Lisboa – produção de adereços.
“O gelo na mesa” de Virgílio Ferreira – 2001.
“Ultimo verão” de Pedro Paixão – 2000.
CIRCOLANDO – Porto – produção de adereços – “Cavaterra” – 2004/05.
“Giroflé” – 2003.
Exposições Individuais
Projeto “Casulo II”, Galeria Símbolo, Porto, 2006.
Projeto “Casulo II”, Bar do Lago, Penafiel, 2004. “Casulo da alma” – arterisco- Miguel Bombarda, Porto.
“Outras mentes, outros corpos” – Junta de Freguesia de Vila do Conde, 1995.
“Coarctações” – Junta de Freguesia de Vila do Conde, 1994.
Exposições Coletivas
Intervenção plástica e exposição de garrafas de vinho na Camara municipal do Porto no âmbito da cerimónia da entrega dos prémios “Best of Wine Tourism 2007-2008”.
“Rumar ao mar alto” Exposição no âmbito das comemorações do bicentenário da abertura da barra de Aveiro. Aveiro.
“Corpo em expressão” Servartes – Porto – 2006
“Colectiva”, na Galeria Mercado das Artes, Porto (2006).
Artes Plásticas, no Luso, inserida nas “V Jornadas de Comportamentos Suicidários”, promovido pelo Departamento de Psiquiatria dos Hospitais da Universidade de Coimbra, (2004).
Criação de uma escultura inserida no centro comercial “FACTORY”, cuja a obra do centro esteve a cargo do arquitecto Paulo Lobo – Mindelo/Vila do Conde, 2004.
“Evento 6.0” – Sentidos Grátis – Coimbra, 2003.
VI Festival de teatro da Serra de Montemuro“a desertificação e o êxodo rural” instalação – inter-act03.
“A Globalização” XII Bienal Internacional de Vila Nova de Cerveira.
“Casulo da Alma” Performance – Galeria Craesbeeck – Porto.
Projecto “Casulo da Alma” – trabalhos de cromatografia – Galeria Craesbeeck – Porto.
“Evento 0.5” Sentidos Grátis, 2002 – Porto.
“Desenha esta Ideia, Desenha uma Árvore “intervenção pública interativa, no Jardim do Infante (participação nesta Intervenção a artista plástico Manuela Pimentel) – Porto.
4ª Bienal da Marinha Grande.
Exposição dos Finalistas dos cursos de Artes Plásticas da Escola Superior Artística do Porto, Fórum da Maia.
“20 Anos da E.S.A.P” Exposição de Gravuras.
“Diversidades” Fundação da juventude Porto.
“Evento 0.4” Sentidos Grátis, 2001– Porto.
“Projecto Esperança” intervenção escultórica de Arte Pública na Avenida dos Aliados, Porto com finalização na reinstalação no Jardim dos Sentimentos do Palácio de Cristal (intervenção de condenação ao terrorismo e de solidariedade com as vitimas do 11 de Setembro de 2001), organização do grupo INTER-ACT 03 do qual foi co-fundador com a pintora Isabel Lhano e Rui Carvalho da Silva. Apoio da Câmara Municipal do Porto.
“Arte, Tecnologia e Ciência “XI Bienal Internacional de Vila Nova de Cerveira.
“WC Invicta Public’Art” Exposição nos WC Municipais, WC da Rua Filipe Nery, Clérigos, Porto, organização: Sentidos Grátis (participação na instalação com a pintora Isabel Lhano).
“Di-Visões: Uma Exposição Para os invisuais e para os outros” Quartel do Bom pastor, organização do “Espaço T” e apoio do Porto 2001. (participação na instalação com a pintora Isabel Lhano).
“Mais de 20 Grupos e Episódios Artísticos no Porto do séc. XX ” – Exp. Colectiva na Galeria da Biblioteca Municipal Almeida Garrett do Palácio de Cristal, organização do Porto 2001.
Bienal Internacional da Marinha Grande, La Granja, Espanha, 2000.
“Duplicidades” Galeria Labirinto, Porto.
3ª Bienal Internacional da Marinha Grande.
Coletiva na Câmara Municipal de Ponte de Lima – 1999.
2º Bienal da Marinha Grande – 1998.
Convento do beato, Lisboa – 1996.
“Encontro com a Arte”, de Moreira da Maia – 1995/2002.
Clube Residencial da foz do Ave, 1993 – Vila do Conde – 1993.
Prémios
2º Prémio de artes plásticas – maia 2002.
Prémio de Escultura do “9º Encontro com Arte”– Maia 1995.
Intervenção Plástica de Interiores
Tem vindo a desenvolver trabalhos de cooperação com arquitetos e designers nas áreas das Artes plásticas (escultura, pintura, desenho e instalação) Artes decorativas (Trompe l’oeil, Marmoreado, escaiola, esponjado, murais, restauros, criação e aplicação de Capitéis, mísulas, cachorros etc. produzidas em gesso, resina entre outros materiais.
Restauros
Restauro de Paredes e outros elementos arquitetónicos com valor cultural e histórico.
Reconstrução e restauro da rosácea principal do transepto da igreja do Bonfim – Porto 1999.
Projetos Individuais em Espaços Comerciais e de Habitação.
Autor de peças de mobiliário e objectos:
Remodelação do bar “Jonhyfly” – Vila do Conde – 2004.
Projeto de design e intervenção plástica do espaço comercial “Casa de Eros” – Porto – 2002.
Criação e produção de objetos escultóricos para a empresa – ETNA.
Elaboração E produção de uma festa – 2000 – Fafe.
Intervenção e inserção de esculturas no bar “Johnyfly” – Vila do Conde.
Trabalho de colaboração na concretização do espaço “Pedras e Pêssegos” – Porto.
Remodelação do bar “Barfly” – Vila do Conde – 1999.
Intervenção e inserção de uma escultura no bar “Urgência” – 1998 – Aveiro.
Intervenção no bar “independente” com capiteis e efeitos parietais – 1996 -Vila do Conde.
Remodelação da sapataria “punk’s” – 1997 – Povoa de Varzim.