ASSÉDIO SEXUAL, POR ANA CHARNEIRA

Em 2017 foram aqui publicados um conjunto de artigos Sono na Idade Adulta, Sono na Infância, Sono, Época de Exames – como lidar com o stress, Encarar a Vida com Otimismo, Ser Otimista, que apesar de abordarem temas diversificados, evidenciam uniformidade e harmonia.

Iniciamos 2018 com o tema “Assedio Sexual”, assinado pela psicóloga, Ana Charneira. Este é um dos temas mais falados atualmente, na sequência do produtor norte-americano Harvey Weinstein ter sido acusado em 2017 de assediar algumas mulheres, na prossecução de uma pesquisa efetuada pelo jornal The New York Times.

A indignação que se iniciou com Harvey Weinstein atingiu dimensões impensáveis e ultrapassou fronteiras.

A imprensa internacional não se cansa de falar nas repercussões dos atos de Weinstein, tal é o impacto dos casos de assédio sexual de que o produtor de cinema é acusado!

Mas, afinal, o que é o assédio sexual?

Assédio Sexual, por Ana Charneira – Psicóloga

O assédio sexual em Hollywood tem sido notícia ultimamente, pois as mulheres de Hollywood estão cansadas do machismo, discriminação e assédio sexual a que estão sujeitas diária e permanentemente, e deram início a um movimento que está não só a mexer com os Estados Unidos, mas com o Mundo.

O assédio sexual pode ser definido como favores sexuais ou contactos verbais ou físicos, avanços de caracter sexual não aceitáveis e não requeridos, que criam uma atmosfera ofensiva, hostil.

O assédio sexual inclui a violência física e a violência mental como a coação (forçar alguém a fazer aquilo que não quer), pode ser de longa duração (convites para sair, conversas de natureza sexual etc…) ou ocorrer apenas uma única vez (tocar ou apalpar alguém, ou até abuso sexual e violação).

O abuso sexual está intrinsecamente ligado ao poder e, na maioria das vezes, são pedidos à mulher/homem favores sexuais em troca de trabalho, de promoção, ou até mesmo de um aumento salarial.

Existem várias definições legais para o asseio sexual, as mais comuns são: mostrar ou partilhar imagens ou desenhos explicitamente com conteúdos sexuais; convidar alguém repetidamente para ter sexo e sair; tocar abraçar, beijar ou encostar; seguir ou controlar; contar piadas com caracter obsceno e sexual; notas, emails, chamadas telefónicas ou mensagens de natureza sexual; olhar de forma ofensiva, violação etc…

Mas o assédio sexual não acontece somente no local de trabalho, pode também acontecer na universidade, na rua, nas lojas, no aeroporto, e até em casa, ou seja, existe em espaços públicos ou privados, sendo que não ocorre só de homem para mulher. Existem casos em que os homens são assediados pelas mulheres, homens assediados por homens e mulheres por mulheres. Não existe um padrão de género. O assediante pode ser, um (a) chefe, um(a) colega, um (a) cliente, um (a) familiar, um (a) amigo (a), ou até mesmo um(a) recrutador(a) de emprego.

O assédio sexual tem efeitos sobre a vítima, quer a nível da saúde (ansiedade, stress, fadiga, distúrbios do sono, ganho ou perda de peso, transtorno stress pós-traumático etc…); como a nível financeiro (aumento do absentismo para evitar o assedio, rescisão/demissão, perda da carreira, custos para mudar de cidade ou emprego etc…) e também a nível social (sofrer de humilhação pela maledicência, perda de confiança em ambientes semelhantes, difamação de caracter e reputação).

Em Portugal também existe assédio sexual, embora haja bastante preconceito em divulgá-lo, pois as pessoas temem as consequências que possam advir para a sua vida pessoal e social. Em 2017 apenas dois casos foram denunciados ao CITE (Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego).