Entre os dias 18 e 22 de outubro decorreu na FIL (Parque das Nações) o maior evento de Design realizado em Portugal, o Lisboa Design Show – LXD. Um evento dedicado ao design em todas as suas formas de expressão, do visual, equipamentos/produtos, moda e interiores, à inovação, criatividade nacional e internacional. Reunindo marcas, industria, designers, com um programa completo e variado de conferencias, workshops, academias, oficinas e desfiles de moda, é um ponto de encontro para a disseminação do design, ou seja, de tudo aquilo que é inovador, das tendências nacionais e internacionais, da decoração e da moda, à disposição de designers, criadores, marcas emergentes e startups.
Foram três grandes áreas distintas a marcar um olhar diferenciado – Trends LXD, Africa Fashion by LXD e Talks que rechearam os 5 dias do evento com uma programação que deu protagonismo ao design e oportunidade para se conhecer melhor as últimas novidades do mundo criativo e da moda, através do trabalho apresentado. O resultado fica patente no registo dos cerca de 62 mil visitantes, nos mais de 300 designers que aqui se apresentaram, nas novidades e nas tendências com projeção internacional.
Entre os espaços para workshops de costura, talks e apresentação de projetos de criativos e designers emergentes que pretendam divulgar e apresentar as suas coleções e muito mais ações no âmbito do design, o “Africa Fashion by LXD”, um espaço dedicado à moda africana, mostrou o que existe para além da moda tradicional.
O Blogue “A Boa Vida Persegue-me”, esteve presente e assistiu a alguns desfiles. Jaua, Alfa Cante, Lubetina Mak, Uzuri Creations, Ten Jua Collection, Nivaldo Thierry, Isa Neto, Joan Auguni, Tina Souvenir, Pinto Musica, foram alguns dos desfiles que destacarmos nesta 8.ª Edição.
AFRICA FASHION SHOW
Sem o atraso habitual e característico destes eventos, a moda africana ganhou destaque nas passerelles da Lisboa Design Show – LXD. Foram mais de 20 estilistas africanos, oriundos de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné, S. Tomé e Congo, com apresentações diferentes cheias de atitude e emoção, unindo criatividade e espiritualidade. Trouxeram produções contemporâneas e o conceito de roupa “para pessoas comuns”, tendo Felizarda Prazeres como embaixadora do evento. Os desfiles reuniram a visão da moda do continente africano, valorizando as estampas étnicas, destacando as origens africanas, apresentando ao mundo o seu espírito criativo, beleza e inovação. A moda africana está a mexer e a prosperar, independentemente da forma usada para a observar. Provém de quem olha para ela, inspirando na sua própria cultura e tradição, e de quem olha para este continente, culturalmente rico, repleto de diversidades, com histórias e tradições díspares. Tendo como referência os diversos povos, toda essa pluralidade se reflete nas diversas áreas e na moda também. Quando se fala em moda africana, o que não faltam são referências cheias de significados, cores e texturas atualizadas para os dias de hoje, que precisam ser mostradas.
Entre os estilistas e as marcas que inovaram com os seus desfiles estão:
JAUA
Jaua, a marca da estilista moçambicana Ana Teresa Lima, em fase de expansão sem perder a essência, é inspirada nas tradições da tribo Yao em que a Mulher representa o poder, a vida, apresentou a coleção LIQUID. Uma coleção inspirada no movimento, no contraste entre materiais sólidos e fluidos.
A paleta de cores varia entre os beges, azuis, verde seco, vermelho e o preto com apontamentos de rosa e branco.
Os veludos, a polipele, os plissados e o pêlo são alguns dos tecidos que compõe esta coleção.
MOMS AMADE
Moms Amade, estilista moçambicano, apresentou a coleção Metamorfose. Neste evento quis apresentar um pouco daquilo que cria – desde os acessórios, calçado e roupa. Cada peça mostra de forma particular a sua inspiração. Mas é sobretudo a forma, o contorno do corpo da mulher e os padrões da capulana o que mais inspira o estilista. Nesta coleção usou capulana, sarja e organza, conjugando materiais diversos como a madeira, o pneu e a cortiça. A coleção destacou-se pelo foco no pormenor e nos acessórios.
LUBETINA MAK
Lubetina Mak, estilista angolana, inspirada nos seus desenhos enquanto adolescente e na mulher sofisticada, mas ao mesmo tempo tradicional, apresentou a coleção Dreams and Memories, num espetáculo que incluiu música, com a participação do artista angolano Phathar Mak.
Malhas, chiffon, organza e sobretudo o pano africano com texturas, ou seja, brocado, que é utilizado para expressar a cultura africana, são os tecidos que compõem a coleção.
NIVALDO THIERRY
Nivaldo Thierry, estilista moçambicano, apresentou a coleção Diamante Africano. A coleção foi feita essencialmente de Capulana Moçambicana, Sablé, rendas, bordados e aplicações manuais.
JOAN AUGUNI
A marca Joan Auguni, da estilista angolana, Sandra Bravo Rosa, apresentou a coleção Mulher Africana. Para esta coleção a designer inspirou-se na atitude dessa mulher africana, que não tem medo da adversidade, na força que ela imana e na capacidade de abraçar o que a vida lhe dá.
Tecidos como organza, sablé, renda e tecido africano wax gold, compõem a coleção.
PINTO MUSICA
Pinto Musica, estilista moçambicano, apresentou a coleção Black Edition.
Representa o carvão mineral Moçambicano e a representatividade do Povo Africano. Tecidos usados – renda, malha, bordados com acabamentos manuais.
ISA NETO
Isa Neto, inspirada nas mulheres santomenses, levou à passerelle a coleção MUALA, que significa Mulher num dos vários crioulos falados nas ilhas de São Tomé e Príncipe. Para esta primeira coleção, a estilista pretende modestamente enaltecer a determinação e a força das mulheres Santomenses. Tecidos como renda, tecidos africanos 100% algodão, chiffon e sablé completam a coleção.
TEN JUA Collection
Criada por Edite Ten Jua, em 2007, a marca Ten Jua Collection é originária de S. Tome e Príncipe. Urban Afro Chic.
A coleção apresentada na FIL, denomina-se Fusão, na medida em que usa e até mistura diversos padrões africanos. Utiliza pano africano de origem nigeriana (denominado Ankara, similar a capulana).
A inspiração vem das cores, dos frutos, dos aromas e energia dos mercados africanos.
Quanto ao logotipo da marca, tem por base o cacau, onde as 2 letras “T” e “J” inseridas de uma forma estilizada, criam um símbolo que se assemelha a um grão de café, sintetizando assim as duas riquezas de S. Tome e Príncipe, o cacau e o café. A utilização do azul-turquesa é uma homenagem ao mar de S. Tomé e Príncipe.
ALFA CANTE
Alfa Cante, estilista guineense, inspirado em si mesmo e pelo estilista africano Alpha Di, da Nigéria, apresentou a coleção ACREDITA. Para esta coleção utilizou tecidos com estampado camuflado, tecido uwas, tecido dji pre uwas e tecido bazem.
UZURI CREATIONS
XIRILO foi a coleção apresentada no Lisboa Design Show, inspirada na peça SOLO PÁTRIO, do Poeta moçambicano Leco Nkhululeco, que é uma orgia artística e literária que pretende ser um lugar de escuta e de confluência de experiências e narrativas de diferentes formas de cerceamento de liberdade.
Segundo Paula Cuna, o rosto por detrás da marca moçambicana, XIRILO é uma orgia cultural é um encontro conjugado entre passado e o presente, perspetivando um futuro revestido de identidade própria, ancestralidade e o contemporâneo.
Para nós XIRILO não é dor e nem sofrimento, não é abrir feridas, é resgatar um passado, é saber de ONDE VIEMOS, QUEM SOMOS e COMO SEREMOS, como forma de sabermos as nossas profundezas, e assim entendermos as mudanças culturais que ocorrem neste momento e que ocorrerão amanhã!
Naquela altura era comum nas mulheres o uso de roupas largas e volumosas que dificultassem qualquer incursão do “predador”, eram em panos de algodão e eram grossos que se assemelhavam a Chita e Cretone, de fácil acesso e baratos.
Porque a moda não é estática e nem os tecidos, optei por usar a capulana por ser um tecido de algodão, com muita cor, alegria e desenhos geométricos incríveis que emanam magia aos olhos de quem os vê. A capulana passou a ser um símbolo africano, identifica-nos, é um símbolo de resiliência, resistência, são nossas lutas, por isso a minha escolha, celebramo-la com mais cor, mais vida, alegria e júbilo, este tipo de corte e design são para mim símbolo de resistência, cultura e IDENTIDADE. Esta capulana foi combinada com o Rayon, que é um tecido fácil de ser encontrado e que é fácil de ser combinado com a capulana pela sua leveza e caimentos incríveis, deu um toque de sofisticação aos nossos coordenados, e mostram as mudanças e os ganhos das nossas lutas, trouxemos o nosso passado a era contemporânea!
Além dos desfiles, houve também atividades abertas ao público em geral, uma delas foi a possibilidade de os designers exporem as suas peças para o grande público, permitindo que estes não só tivessem oportunidade de contactar diretamente com cada estilista, mas poderem também adquirir as peças nas pop up stores montadas para o efeito, bem como a possibilidade de network.
Além das compras, o espaço foi palco de convívio.
SEE NOW, BUY NOW – VEJA AGORA, COMPRE AGORA!
Um evento diferente, marcou os dias 20, 21 e 22, ao associar ao evento o conceito “See Now, Buy Now – Veja Agora, Compre Agora”, com a instalação de pop up stores, com as peças apresentadas pelos estilistas, no espaço contíguo aos desfiles.
A ideia de democratizar o acesso às novas tendências foi um sucesso e a equipa do Blog A Boa Vida Persegue-me andou por lá, conversou, privou com os estilistas, apreciou e fez as suas escolhas.
Criamos coordenados multi brands com peças das estilistas Ana Teresa Lima da marca Jaua, Lubetina Mak, e do estilista Alfa Cante. Acessórios, malas e mochilas do estilista Moms Amade. Sapatos da estilista Lubetina Mak. Boinas e turbantes da marca Uzuri Creations. Brincos da marca Blondie Beads.
Não me fico só pelo brilho das coleções. Não posso deixar de elogiar os ambientes criados pelos estilistas, o atendimento personalizado, mas sobretudo, desfrutando da companhia de alguns deles, foi aprazível a reciprocidade humana. Um destaque final para a organização (Felizarda Prazeres, Dália Palma, Lúcia Pereira e Olga Nunes) pela pontualidade dos desfiles!
PARA LÁ DA PASSERELLE REGISTAMOS: MODA, ESTILO E CONVÍVIO.
Foram cinco dias em que se enalteceu o design, e se reuniram os melhores ingredientes para um outono inesquecível – beleza, emoções, ansiedades, expectativas, encanto, desencanto, surpresas, palmas e sorrisos, e um programa de performances para todos os gostos. Mas quando as luzes da passerelle se apagaram, registámos os melhores momentos de bem-estar, comportamento, convívio, moda e estilo.
Captámos momentos, registámos sorrisos, testemunhámos afetos. Registámos ainda a presença do ator Sílvio Nascimento, da estilista Sandra Bravo Rosa, da estilista Lubetina Mak, da estilista Ana Teresa Lima, Patrícia Everdoso Pinto – Stylist, Faith Prazeres – embaixadora do África Fashion, Annie Costa, Mwana Africa, Roselyn Silva (estilista) David K Allone, Ricardo Dinis, Ronnie D´Alva, Ana Isabel Santos, Solange Sousa, Lino Rompante, Fernanda Serra, Paula Dixon, Toquim Gouveia, Cristina Marques, Dr. Luís Viegas (Embaixador de São Tomé e Príncipe) e Poetisa Gorett Pina.
Agradecimentos:
Créditos Fotográficos:
Adoro roupa com pano africano!! Tenho tantos panos e ainda não fiz com eles!
Beijinho