Caros seguidores, leitores…,
Creio que devemos manter para a posteridade tudo aquilo que vivenciamos com agrado. Por isso mesmo, quis aqui deixar registado os momentos que vivemos, no Jamaica, um dos espaços noturnos mais emblemáticos do Cais do Sodré, em Lisboa, ao assistirmos ao espetáculo “Toca ou Nao Toca – Clarice”, fragmentos da vida e obra de Clarice Lispector.
“Toca ou Não Toca – Clarice” é uma viagem ao universo da escritora nascida na Ucrânia, a 10 de dezembro de 1920. O seu nome era então Chaya Pinkhasovna Lispector. Aos 2 anos, foi obrigada a emigrar para o Brasil com a família, na sequência da perseguição aos judeus, durante a guerra civil russa.
No Brasil, adotou o nome de Clarice Lispector, naturalizou-se brasileira, tornou-se jornalista muito nova, e, em 1943, lançou o seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem”.
“Amo a Língua Portuguesa”, disse um dia. Talvez por isso, e porque ambos partilhavam um amor pela língua portuguesa, há quem a considere um “Fernando Pessoa de Saias”.
Entre artigos, sobre temas diversos, entrevistas a figuras públicas, romances, contos e ensaios, Clarice procurava o “entendimento das pessoas e das coisas”. A sua escrita é uma imersão no universo do desconhecido, no seu próprio eu e nos mistérios do mundo. Uma obra enigmática que faz de Clarice uma escritora de culto.
A peça “Toca ou Não Toca – Clarice”, com textos de Oceana Basílio e Adriana Santos, é composta por passagens da vida e fragmentos da obra de Clarice, agregando a representação de vários personagens a duas vozes, brilhantemente interpretados pelas protagonistas, as atrizes, Erica Rodrigues e Oceana Basílio. Trata-se de uma viagem conjunta ao universo da intensa vida de Clarice Lispector que encontra nas atrizes que a interpretam a Mulher, uma autora brasileira que viveu intensamente a sua época (1920-1977). A partir desse encontro, um olhar inquietante, crítico, mas também muito poético, emerge dos espetadores, que conduz à reflexão de quem assiste!
É este o papel! E elas interpretam-no com uma generosidade e uma paixão imensa. Interpretação com traços de personalidades fortes, que alcançou um excelente resultado.
Para fazer jus à qualidade da peça, que inclui as atuações de todo o elenco, temos que felicitar todos os atores pelo trabalho apresentado. Realmente, um trabalho de equipe.
A destacar ainda a interpretação de Guilherme Barroso. Guilherme é um ator absorvente. Cria, interpreta e representa muito bem as suas personagens, atribuindo-lhes grandeza física, usando com perícia o seu corpo, voz e emoções. Ao público transmite com intensidade as ações propostas por cada texto.
No Jamaica, deixamo-nos seduzir pelo espetáculo e pelas interpretações. Foram momentos relevantes de uma noite feliz, observados pela equipe do Blogue “A Boa Vida Persegue-me” e que a objetiva do João Ramos, fotógrafo e colaborador do Blogue, brilhantemente registou.
É mais uma história, das boas, a completar as histórias que fazem as histórias do Jamaica e que nós almejamos por “mais um reprise”.
“Toca ou Não Toca – Clarice”, contou com o apoio de Catarina Simões Hampton, na produção, e tem no seu elenco os atores: Oceana Basílio, Erica Rodrigues, Guilherme Barroso, Linda Valadas e Sérgio Prazeres.
Especial agradecimento:
João Ramos, fotógrafo e colaborador do Blogue, pelo excelente trabalho fotográfico e pelo trabalho efetuado noutras áreas do Blogue.