Estive à conversa com o ator Matamba – Fernando Reis Joaquim, na Pizzaria “Uma Pizza em Companhia”, situada na Rua da Silva, 8 – Lisboa.
Matamba, ator, com habilidades para a música, locutor e guionista, nasceu em 1982, em Luanda, Angola.
Assim que terminou os estudos no INFA – Instituto Nacional de Formação Artística, veio para Portugal movido por uma vontade maior em trabalhar com atores africanos residentes em Lisboa, pelos quais tinha as maiores referências: o Daniel Martinho, o Miguel Sermão e o Ângelo Torres.
Foi com estes Senhores “Contadores de Histórias” que formaram a Associação Cultural “TEATRO GRIOT”, que lhes permitiu criar os seus próprios projetos teatrais.
Hoje, além de ser uma das vozes da Associação, integra o elenco da Telenovela Amor Maior, exibida em horário nobre na SIC, e estreou a peça “Faz Escuro nos Olhos”, no Teatro do Bairro.
O espaço onde as entrevistas acontecem, são sempre muito importantes para determinar o diálogo e esta conversa com Matamba decorreu com uma “vibe” luminosa, informal e muito divertida. Acompanhado por um grupo de amigos, o ator ensina-nos a confecionar uns legumes salteados com arroz. Fácil, rápido e económico. VEJA.
Vamos começar pelos teus dados biográficos, pode ser?
Eu sou o Matamba Joaquim, nascido, em Luanda, a 21 de Agosto. Tenho o curso de Teatro pelo INFA (Instituto de Formação Artística) e sou um dos membros fundador do Teatro Griot (uma Companhia de Atores) que já trabalhou com encenadores como: Rogério de Carvalho, Nuno M. Cardoso, João Fiadeiro, António Pires e Guilherme Mendonça.
Desde o ano passado, tenho colaborado com a Mala Voadora – Teatro-Porto.
Hoje em dia fala-se muito em emoções. É importante mostrarmos os nossos sentimentos, emoções… queres falar sobre este assunto?
Mais do que mostrar, devemos praticar essas emoções.
Sei que tens apoiado algumas causas, como defesa/proteção animal, cultura e artes, crianças, direitos civis e ações sociais, apoderamento económico, educação, meio ambiente, saúde, direitos humanos, desastre e assistência humanitária, alívio à pobreza, ciência e tecnologias, serviços sociais. É importante um homem abraçar causas, sobretudo as sociais?
É importante uma pessoa amar o próximo. Amar já é uma causa e quando estás aberto a amar, estás aberto a aceitar e entender o “outro”. Aceitando o outro também estás já a abraçar uma causa. As causas sociais transformam.
É como viajar em diferentes mundos; lidas diretamente com os envolvidos e podes ver ou sentir ou sentir e ver o resultado da tua influência num determinado meio, num determinado ambiente, num ser humano ou num animal. Numa criança com os olhos brilhantes de felicidade porque já não está doente e, por isso, já pode correr despreocupada. Acho que devíamos todos abraçar uma qualquer causa social porque faz mesmo a diferença.
Como e quando surgiu a paixão pelas artes cénicas, a vontade de ser ator?
Surgiu aos 20 e poucos anos quando me foi apresentado o Teatro por um amigo, depois desse dia tudo mudou. Na verdade, tudo ainda continua a mudar.
O que te fez vir para Portugal?
Não fazer a tropa e o Teatro.
Para o GRIOT, todos têm o seu papel a cumprir, o que modifica é apenas o meio onde estás inserido para desenvolvê-lo. É importante a contribuição da “figura do GRIOT” e das suas narrativas, dentro de um cenário africano, por vezes, tão distorcido por esse mundo fora?
Cada africano fora de África é por si só um guardador da sua cultura e da sua história. Não podemos corrigir a história, mas devemos trabalhar com afinco para mudarmos esse cenário distorcido que o mundo tem de África e dos africanos. Nesse sentido, acho que todos os Africanos têm que ser uma referência para elevar o nome de África.
Acabam por ser mensageiros e mediadores multiculturais, entre a áfrica e o mundo, utilizando a palavra e a escrita como instrumento. Achas que contribuem para a projeção positiva de África?
Projeção positiva de África? São agentes culturais e projetam a cultura africana.
Sei que fazes parte da Associação Cultural “TEATRO GRIOT. Queres falar sobre este assunto e sobre os teus projetos?
Claro! O Teatro GRIOT é uma companhia de atores, constituída, essencialmente, por afrodescendentes, e que explora possibilidades, expressões e implicações da diferença, como herança histórica, social e política no discurso e na estética teatral.
A nós importa-nos o teatro como espaço de reinvenção do eu enquanto matéria ficcional, importa-nos o teatro território de uma representação experimental e contemporânea da expressão artística da identidade e das dinâmicas inter-identitarias, entre o Africano e o Europeu e a simbiose dos dois.
Existimos desde 2009 e já fizemos algumas coisas interessantes, no meu ponto de vista. Em 2014, As Confissões Verdadeiras de Um Terrorista Albino (Rogério de Carvalho), Romance de Breyten Bryten Bach (África do Sul), que foi considerada a peça do ano pelo jornal o Público. Antes fizemos o Faz Escuro nos Olhos (Rogério de Carvalho), depois fizemos A Raça Forte (Nuno M. Cardoso) de Wole Soyinca (Nigéria).
Veio A Geração da Utopia (Guilherme Mendonça), Romance de Pepetela (Angola).
A minha colega (Zia Soares) terminou agora, em Sines, o Luminoso Afogado (Al Berto) e, em março, vamos ao Teatro do Bairro com o Faz Escuro nos Olhos. Desde já convido todos a passarem por lá!
Quanto aos meus projectos, dizer que ando a tentar encontrar uma editora para ver as minhas poesias, sim eu escrevo algumas. Estou a co-encenar o Parto Rosa com a Renata Torres, e a preparar-me para as reposições do espetáculo Moçambique da Mala Voadora (Jorge Andrade) que estará no Maria Matos, nos Açores, no Brasil, Vila do Conde, etc.
Em fevereiro, estreou, no Fantasporto, a Ilha dos Cães (Jorge António), filme em que participo.
Estreia em março, o Comboio De Sal e Açúcar (Licínio de Azevedo), do qual sou protagonista, e continuo também a gravar o Amor Maior da SIC!
O que achas que faz falta nos dias de hoje? Que soluções sugeres para emendar essa/s falta/s?
Falta o Verdadeiro amor. Emendar? Aprender amar e respeitar o outro.
Qual é para ti o pior preconceito?
Ter preconceito já é mau.
Passemos então ao teu “papel” de “Chef Matamba”! Escolheste um espaço com ambiente alternativo, autêntico e com um nome sugestivo: “Uma Pizza em Companhia”. Aqui as pessoas são mais autênticas, sentem-se mais libertas e acompanhadas?
Se são mais autênticas não sei. Sei que gosto de estar aqui, no meu canto, a ouvir o Issac ou o Gil a tocar, ou o Dj Cajo a passar uns sons enquanto se come uma pizza. As pessoas aqui são simples e eu identifico-me muito com pessoas e lugares descomplicados e simples.
Que receita nos trazes?
Legumes salteados com arroz.
Ingredientes:
- Cenoura
- Brócolos
- Curgete
- Beringela
- Cogumelos
- Sal
- Azeite
- Alho
- Gengibre
- Piripiri/jindungo – q.b.
- Arroz (meio kilo)
Preparação:
Saltear legumes é uma forma rápida de preparar uma refeição equilibrada.
Com uma frigideira, azeite e alho, pode-se testar qualquer combinação de legumes e verduras.
- Comece por fatiar os ingredientes.
- As espessuras dos pedaços são importantes para assegurar que todos fiquem cozidos.
- Eu prefiro que os legumes fiquem um pouco rijos, que não passem do ponto.
- O segredo é que todos os legumes fiquem prontos ao mesmo tempo.
Preparação dos temperos
Alho, gengibre, piripiri/jindungo
- Descasque o alho e lave o gengibre fresco e o jindungo antes de adicioná-los ao salteado.
- Corte-os aos pedaços para que o seu sabor seja distribuído uniformemente.
- Numa frigideira coloque o azeite e o alho. Deixe alourar.
- Junte a curgete (com casca) cortada aos cubos, a cenoura em juliana grossa e os cogumelos e salteie até ficarem mais macios. Junte de seguida os restantes legumes, tempere com sal, jindungo, gengibre e deixe no lume até ficarem mais moles.
- Junte umas gotas de limão, tape a frigideira e deixe ao lume por mais 1 a 2 minutos.
- Desligue o lume e sirva ainda quentes.
Entretanto prepare o Arroz Branco Frito.
- Arroz branco agulha
- Água – duas medidas de água para uma de arroz
- Azeite
- Sal
Preparação
Num tacho coloque o azeite a aquecer. De seguida salteie o arroz no azeite até começar a colar aos lados do tacho.
Juntar a água e o sal. Mexer, tapar e quando começar a ferver baixar o lume.
Quando acabar a água desligar o lume e deixar tapado durante uns minutos.
Sirva os legumes salteados com o arroz branco frito, imediatamente, pois a textura é melhor quente. Bom Apetite!
Podes revelar uma particularidade, um ingrediente especial, um paladar peculiar ou um momento aprazível ligado a esta receita?
Eu gosto e utilizo, em quase tudo que faço, o alho com gengibre e limão.
Sabes, a “Boa Vida Persegue-me” e a ti o que te persegue?
Então, a Busca é que me persegue. Procuro sempre, buscar coisas novas. Buscar melhorar no trabalho. Buscar melhorar como homem, como ser humano, como pessoa. Então, estou constantemente a buscar. E na busca… é isso que me persegue.
Agradeço muito o tempo que me/nos dedicaste e sobretudo esta agradável, equilibrada e leve receita!
A Herdade do Cebolal sugeriu o Vinho Rosé – Santiago do Cacém – Herdade do Cebolal, para acompanhar estes legumes salteados com arroz.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
NINO – UMA PIZZA EM COMPANHIA
HERDADE CEBOLAL
FOTÓGRAFOS: JUVENAL CANDEIAS, RUI PATRAQUIM E EDGAR FREIRE
O meu abraço maior.
Quanto a si, Partilhe!
Sinta-se à vontade para disseminar esta receita em qualquer espaço seu na Internet, desde que cite o Blogue “A Boa Vida Persegue-me” como fonte.
Obrigado!
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A Boa Vida Persegue-me. A si, o que lhe persegue?