Num dos meus diálogos com a arte, no espaço Atmosfera M, encontrei a exposição de pintura “CONTRASTES”, do artista plástico Fernando Rocha.

À luz dos meus diálogos internos, o meu interesse pelos artistas plásticos deve-se, por vezes, à forma como eles se expressam que me pode suscitar admiração ou, simplesmente, despertar curiosidade.

É o caso da exposição “Contrastes”, onde o traço, a cor e os temas que procura abordar – realidades urbanas, mas também realidades sociais –  permitiu-me fazer uma apreciação de grande interesse, que aguçou os meus diálogos internos.

Na Atmosfera M, ia disposto a embeber, ao máximo, o que visse. Encontrei 21 telas, tendo como base a pintura abstrata e pouco figurativa. Passei, desde então, a interessar-me pela pintura de Fernando Rocha e cada vez mais pelos meus diálogos com a arte.

Para concluir, ocorre-me referir que Fernando Rocha é um homem que se divide entre o cinema, a música e a pintura.

Segundo António Vitorino de D´Almeida: “Fernando Augusto Rocha é justamente reconhecido pelo notável trabalho que desempenhou durante largos anos a favor da música no nosso país. (…) e é também um notável desenhador, revelando uma verdadeira mestria nos terrenos do figurativo.”

Para Isolina Carvalho: “Fernando Rocha evidencia uma forte atração pela música e pelo cinema, e, dessa interculturalidade que o tornou mais completo, ressurge de novo o artista pintor, surpreendendo-nos com obras de vulto, numa simbiose entre a razão, a emoção e a criatividade que nos tocam profundamente. São obras emblemáticas, de melodias lactentes, que nos fascinam e convidam para encantatórias emoções, mágicos silêncios e para uma cumplicidade e recolhimento contemplativo, até sermos despertados subitamente por flamejantes vermelhos rasgando os negros profundos de algumas das suas belíssimas pinturas, habitadas que são, de contemporaneidade e abstração, as quais, nos trazem de novo à realidade”. 

Pelas palavras do artista Fernando Rocha:

“Reencontro” é o título desta exposição e é também o reflexo do meu reencontro com a minha primeira paixão, a pintura. Após quase quatro décadas de ter frequentado as Belas Artes e de me ter dedicado a outros ofícios como a música e o cinema senti, de novo, a vontade de me expressar plasticamente.

Este recente percurso, de um ano e meio, é um processo de expressão emocional que equiparo ao momento do improviso musical em que todo o repertório acumulado ao longo da vida se expressa como um diálogo no tempo entre o acaso e a tentativa de reconstrução lógica do mesmo.

Esta opção metodológica definida por uma expressividade não figurativa, imediata e fluída caracteriza a estética desta exposição.

Partindo de uma abordagem tradicional, acrílico sobre tela ou madeira, a técnica foi-se desenvolvendo produto de uma procura e experimentação constante, conferindo à coleção agora apresentada, constituída por diferentes abordagens, uma coerência estética no seu conjunto!

BIOGRAFIA:

Nasceu em Portugal 1958.

Frequentou a Escola Superior de Belas Artes do Porto 1977-1979 (pintura e escultura).

A sua principal actividade é a de engenheiro de gravação de musica clássica e jazz, tendo sido responsável por mais de 200 títulos editados em cd pela editora Numérica (1985-2014).

De 1977 a 1982, integrou várias bandas na área musical do jazz-rock (FM – Procurem na Sara).

Como compositor foi o autor de várias bandas sonoras de filmes de animação: Eustáquio contra Tarzan, Serafim Skate, Automania, Sportman, Xico Aventureiro, O Acidente,1111, Brincarolas, Uma Vida a Reciclar Papel (documentário de Eric Parijs).

Foi co-compositor de uma peça em quatro andamentos para ballet para a Academia de Musica de Espinho (1981).

Como diretor de som foi responsável pela gravação e mistura de alguns longas metragens: Mortinho por Chegar a Casa, Até ao Teto do Mundo, Transito Local.

Como realizador de cinema e vídeo produziu: Um Dia na Vida de um Artista Plástico, A Revolta, The kingdom of Lusitania, Blindness, Trânsito Local, Salto Mortal, Mini Driver Project, About You, Granorte, Fear, Sandro Norton.

Como diretor de fotografia foi responsável por duas séries de 13 episódios para a RTP2: Pianíssimo e Os sons do Tempo, ambos de António Victorino D´Almeida.

Recebeu vários prémios e nomeações internacionais: Zoie Film Fest, Atlanta, EUAFestival de Cinema de Avanca,Portugal, Fano Film Fest,, Itália .Cinevue Internacional, Florida, EUA – Special Prize for Diversity (Dialogo tra le diversita),Visionaria Film Festival, Siena, Italy “Best Foreign Short”, A Corto di Cinema, Lucca, Italy, Audience Award, Critical Mass Film Festival, NY.