Quando somos invadidos por aquele tédio atroz e pelo sentimento de vazio que ele provoca, vem ao de cima a vontade de ocupar o tempo com alguma criatividade. Almeja-se um estado de espirito que procure despejar a mente dos desassossegos do dia-a-dia e que se dedique apenas a apreciar a arte sem rótulos.
O tempo não convidava a grandes passeios na rua, sim, no fim de semana de 3 e 4 de dezembro, com a grande Lisboa a meter água por todos os lados com a chuva intensa que caiu, foram poucos aqueles que se arriscaram a chegar até à porta e dar ordem de saída. Mas, pior que o mau tempo é ficar um fim de semana em casa cheio de tédio. Parece-me que seria um desperdício!
Encontrei no convite para assistir à 5 Edição do Concept Fashion Design e na seleção eclética de artistas e designers, a grande “cura” de um fim de semana “sensaborão”, triste, cinzento, nada convidativo a sair do aconchego do lar doce lar, ou seja, a arte veio para curar este estado de espirito com dois dias dedicados ao “design diferenciado e inspirador”.
O projeto, criado com o objetivo de estimular a criatividade, bem como para promover e divulgar projetos de autor que trabalham um conceito de moda alternativo, diferente da que é direcionada para as massas, alia variadas formas de arte: moda, pintura, ilustração, escultura e fotografia. É um universo de diferentes artes para dar vida ao projeto, pensado para acontecer uma vez por ano, propositadamente fora do calendário das semanas de moda nacionais e internacionais.
A 5 Edição do Concept Fashion Design, organizada pela Associação Bastidores e Protagonistas, liderada por Catarina Rito e Nuno Carapinha, aconteceu no Hospital da Estrela, num cenário onde diversificados projetos de âmbito artístico se juntaram e estimularam o encontro entre pessoas.
A arte, a moda, a música, a gastronomia e a vinicultura estiveram de mãos dadas, tornando-se elementos fundamentais para a conversa informal que proporcionou bem-estar entre os visitantes e os participantes.
O enfoque das criações está no alternativo, na exclusividade, na versatilidade de muitas das peças, objetos únicos e criações singulares. Um espaço responsável pelo elemento surpresa. Gostei e destaco:
A moda africana: as designers africanas há muito que abraçaram novas ideias e estão a expandir-se cada vez mais, disseminando a sua influência por todo o mundo, mantendo-se, no entanto, em sincronia com a evolução dos gostos em África que está a mover-se numa direção mais mundial. Além das criações da estreante Sandra Bravo Rosa, com a marca Joan Auguni que apresentou peças minimalistas, elegantes e com muita personalidade, destaco o trabalho de Roselyn Silva que desfilou uma perfeita fusão afro-europeia na sua génese. Ambas estão a fazer um trabalho contemporâneo, com um toque mais mundial.
Sandra Bravo Rosa
Roselyn Silva
O desfile de calçado, com a insígnia Carlos Santos, tem conquistado cada vez mais o público masculino, com propostas fantásticas, inspiradas no dia-a-dia do homem que usa a marca Carlos Santos Shoes, e deixaram-me completamente rendido pela qualidade e pela elegância.
Carlos Santos
O designer Nelson Lisboa, presenteou-nos com um desfile arrojado, de estilo muito próprio, animado com uma performance teatral corporalizada pelo ator Pedro Barroso.
Nelson Lisboa
Apreciei tudo com muita atenção e saí de lá a pensar: “mas que fonte de inspiração”! Este designer é invulgar, incomum!!!
Destaco ainda a elegância e a versatilidade das joias de Liliana Alves Jewerly e os produtos da Antiga Barbearia do Bairro.
Passar por lá tornou-se obrigatório!